Além de boas intenções, Amazônia precisa de atuação

Instituições que agem para conservação da floresta podem ajudar a concretizar acordos internacionais de combate ao efeito estufa, caso do LIRA - Legado Integrado da Região Amazônica

A conferência da ONU sobre mudanças climáticas – COP26 – teve declarações políticas importantes e demonstrações de que governantes querem mudar o rumo de destruição das florestas. A projeção do corte de 30% nas emissões de metano e fim do desmatamento – principais provocadores do aquecimento da atmosfera – até 2030, contudo, aparece mais como uma sinalização de intenção, sem que tenha sido apresentado nenhum plano elaborado de execução. É aí que instituições atuantes no bioma podem ajudar, e muito.

Segundo Fabiana Prado, coordenadora do projeto LIRA, iniciativa do IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, uma das maneiras de contribuir para o enfrentamento do problema do desmatamento, por exemplo, é apoiar a proteção e gestão das áreas protegidas, que garantem o futuro da Amazônia por meio de seus ativos naturais e sabedoria ancestral dos povos da floresta.

O LIRA promove o fortalecimento e a consolidação da gestão dessas áreas no Bioma Amazônico e colabora para que sejam desenvolvidas alternativas sustentáveis de produção para as populações desses territórios. “A intenção do Projeto é transformar as áreas protegidas em um polo de desenvolvimento regional e territorial, por meio de seus ativos naturais e sabedoria ancestral dos povos da floresta, possibilitando uma renda eficiente para a população local e o fortalecimento desses povos”, afirma Fabiana.

Rede colaborativa

Com a formação de uma rede de parceiros que atuam em cadeia para a conservação das 47 Áreas Protegidas da Amazônia – um território que abrange 40 milhões de hectares, o LIRA se propõe a tornar eficiente a execução direta de ações nas áreas protegidas numa escala geográfica que abrange cinco estados e 54 municípios. “Nosso plano é potencializar e multiplicar o impacto para beneficiar 35 mil pessoas”, afirma Fabiana.

Essa rede é composta por oito instituições, incluindo o ISA, Kanindé, Amorema, SOS Amazônia, FVA, IDESAM, IEB e Kabu. Esta cadeia diversa tem o intuito de fortalecer as ONGs, associações comunitárias e indígenas do território, potencializando os resultados e a troca de experiências entre todos os parceiros. São 82 instituições, entre associações indígenas e extrativistas, organização da sociedade civil, empresas, cooperativas, instituições de pesquisas e governamentais. “Com a formação dessa rede de parceiros, o LIRA amplia ainda mais sua atuação, implementando ações de fomento à bioeconomia, planejamento e gestão territorial, integração regional, estruturas de governança, monitoramento e proteção.

Lucrar conservando

A tendência que ganha força a cada dia é a das Soluções Baseadas na Natureza (SBN) que, de acordo com a International Union for Conservation of Nature (IUCN), consistem em “ações para proteger, gerenciar de forma sustentável e restaurar ecossistemas naturais ou modificados, que abordem os desafios da sociedade de forma eficaz e adaptativa, proporcionando simultaneamente benefícios para o bem-estar humano e a biodiversidade”. Segundo Fabiana, o Brasil pode se reposicionar no cenário mundial se investir em SBN e na consequente preservação dos ecossistemas, pois existe um enorme potencial de investimento na área. A floresta em pé, portanto, tem valor econômico.

Eduardo Ditt, diretor executivo do IPÊ está na COP26 com a pesquisadora Simone Tenório e, segundo eles, o tema que chamou bastante atenção foi a restauração florestal e a importância de assegurar a participação dos diversos segmentos, da integração entre setores. “É um pacto mundial que tem que ser desenvolvido por todos os integrantes”, diz a pesquisadora. “Se o Brasil cumprir o compromisso de chegar ao desmatamento zero coloca o país em uma condição diferenciada em relação aos outros”, completa Ditt.

“Diante do grande desafio de construção de um novo modelo de conservação para o território amazônico, cada iniciativa, seja do setor público, privado ou do terceiro setor, é importante. Sabemos o quanto é necessário fortalecer as áreas protegidas para manter a floresta em pé, contribuir com a segurança climática, conservar a biodiversidade, a cultura e favorecer o desenvolvimento socioeconômico em longo prazo.”, afirma Fabiana.

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