Amazônia-1: um satélite totalmente nacional

Um satélite projetado e desenvolvido no Brasil pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o Amazônia-1, já está em fase final de testes e deve ser lançado no início de 2021, marcando mais uma etapa de um processo que teve início há 12 anos.

Sua missão principal será observar a Amazônia, mas poderá também coletar dados sobre a costa do país, cursos e reservatórios de água e desastres ambientais – principalmente inundações e queimadas.

O Amazônia-1 é um marco para o país. Nunca um satélite desse porte foi totalmente concebido e desenvolvido no Brasil – anteriormente, houve casos de aquisição de tecnologia ou parcerias. Seu desenvolvimento é mais um passo dado pelo país na busca da autonomia na área, gerando conhecimento para profissionais brasileiros, fomentando a indústria nacional e permitindo que os dados coletados pelo satélite permaneçam sob controle de brasileiros.

O Amazonas-1 foi desenvolvido a partir dos parâmetros estabelecidos pela Plataforma Multimissão, uma estrutura para construção de satélites, permitindo que partes comuns sejam utilizadas por engenhos que tem outros objetivos, como por exemplo, a observação do espaço. Esse conceito ajuda a diminuir o custo e o tempo de produção de novos satélites.

O Amazonia-1 tem 2,5 metros de altura, pesa 640 quilos e tem entre outros componentes, 6 quilômetros de cabos e 16 mil conexões elétricas – é uma máquina complexa. Será levado ao espaço por um foguete lançador que partirá de uma base situada na Índia, para um voo que durará 18 minutos, após o que o satélite será liberado, a cerca de 750 quilômetros de altitude; a seguir, os técnicos do INPE assumirão o comando da missão a partir de São José dos Campos.

Seria muito significativo se o veículo lançador pudesse ter sido um foguete brasileiro partindo da base de Alcântara, no Maranhão, mas, infelizmente a tragédia que ali ocorreu em 2003, quando um incêndio e explosões destruíram o foguete brasileiro VLS-1 e sua plataforma de lançamento, matando 21 técnicos, trouxe um grande atraso ao programa espacial brasileiro, e, por isso o Amazonia-1 terá que partir de outro país, transportado por um foguete estrangeiro.

Vivaldo José Breternitz é Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

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