Blockchain e Governança na era do ESG: transparência e sustentabilidade

*Hugo Bethlem, CPO da Bravo GRC

*Suelen Silva, Head de Research da Bravo GRC
 

O que o blockchain tem a ver com o ESG? Como eles se completam e se desenvolvem em conjunto? O blockchain é um conceito que não é tão novo, nascido há mais de 14 anos, que caminha a passos lentos no Brasil. Em parte, a ideia de gerir um network descentralizado – onde as negociações e informações vão de uma ponta a outra protegidas contra a corrupção e manipulação -, ainda é confusa na cabeça de executivos e lideranças. Que dirá então se juntarmos o fato aos meios ambientais, sociais e de governança (ESG).
 

O blockchain trouxe credibilidade e confiança nas trocas de informações sem intermediários, alcançando as vertentes de transparência e segurança, criando um novo elo nas relações humanas e claro, tecnológicas. O uso cada vez mais crescente do cloud computing, que preza por essa segurança do blockchain, traz maior escalabilidade e acessibilidade às pequenas, médias e grandes empresas e, consequentemente, à população. Ao poder assinar e enviar um documento digitalmente – benefícios dessas tecnologias -, estamos falando de uma viagem de carro a menos sendo realizada, um possível acidente sendo evitado. Não é por menos que pesquisas apontam que é possível prevenir a emissão de mais de um bilhão de gases do efeito estufa.
 

Com o fortalecimento dessa base tecnológica, o ESG ganha cada vez mais. É possível conhecer toda a cadeia de produtos e as informações que ele carrega consigo, sobre como foi feito, por quem foi feito, se houve desmatamento, qual foi a logística para ele chegar até a população. Na outra ponta, correndo paralelamente a isso, temos o envolvimento de pessoas e da cultura das empresas, que se alteram conforme o uso da tecnologia. Quanto mais credibilidade eu tenho, quanto mais informação segura eu possuo, mais posso mudar o meu modelo de negócio e os processos de tomadas de decisão, que impactam diretamente em pessoas. Isto é repensar em profissões e engrenagens, ainda que levem tempo.
 

No Brasil, há muitas deficiências em relação ao ESG, e, apesar de demorado, não é utópico, a velocidade da disrupção tecnológica supera qualquer atraso. Vemos como acontecem as acelerações tecnológicas por meio da força dos quatro “D´s”: digitalização, disrupção, desmonetização e a democratização. Um exemplo é a energia solar (altamente sustentável), que no conceito de blockchain tem identificação sobre seu uso e o quanto está devolvendo para a rede. Em 1977, quase 50 anos atrás, o custo de 1 kilowatt (kw) era de US$ 77 dólares, hoje ele é de US$ 0,50 centavos de dólares, e a tendência é de que seja de US$ 0,1 centavo de dólares. Ou seja, as tecnologias vão barateando e vindo a serviço das pessoas.

Por isso, a transparência deveria estar disponível para todas as empresas, pois ajuda na construção de organizações éticas. O blockchain pode trazer muito mais sustentabilidade, rastreabilidade, e confiança, e um dos benefícios é reduzir uma série de impactos ambientais. Trazer, no campo de auditoria, para a alta liderança a questão de compreensão, o entendimento sobre o que é Blockchain, os benefícios, para que isso chegue a ser uma realidade para a empresa, e destravar essas barreiras ao alavancar esses benefícios, é uma nova ressignificação e postura dos profissionais, que levarão essa checagem de informações do início ao fim.
 

*Hugo Bethlem, CPO da Bravo GRC, uma consultoria em tecnologia para GRC e ESG que integra pessoas e processos, para elevar o grau de conhecimento e consciência das organizações.
 

*Suelen Silva, Head de Research da Bravo GRC.

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