Bolsas operam em cautela após Opep+ decidir por reduzir produção e rusgas políticas no destaque local

No Exterior, as bolsas asiáticas fecharam em baixa nesta segunda-feira. Na agenda da região teremos o Produto Interno Bruto (PIB) chinês do primeiro trimestre e a produção industrial e a balança comercial de março, que mostrarão o tamanho do estrago que o coronavírus fez na segunda maior economia do mundo.

Segundo o Ministério de Comércio da China, porém, tanto as exportações quanto as importações deram sinais de melhora em março, uma vez que o governo teve progressos no combate ao coronavírus e se esforçou para reiniciar a atividade econômica.

O coronavírus, que teve origem na cidade chinesa de Wuhan, já infectou mais de 1,8 milhão de pessoas mundialmente, causando mais de 112 mil mortes. Na semana passada, surgiram evidências de que a pandemia poderia estar se aproximando do pico nos Estados Unidos e na Europa.

Também fica no radar no início desta semana o histórico acordo da Opep+ – grupo formado pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e dez aliados, incluindo a Rússia – que prevê um corte adicional de 9,7 milhões de barris por dia (bpd) em sua produção até o fim de junho, num momento em que o coronavírus prejudica fortemente a demanda pela commodity.

No entanto, os índices futuros das bolsas de Nova York operavam em baixa na madrugada desta segunda-feira. Isso após Wall Street acumular ganhos de mais de 10% na semana passada em meio a uma aparente melhora da perspectiva do coronavírus nos EUA e após novas e agressivas medidas de estímulo do Fed, como é conhecido o banco central americano.

Sobre o avanço da COVID-19 no mundo, nesse final de semana, os Estados Unidos passaram a registrar o maior número de mortes entre todos os países. Ontem eram 21.692 mortes confirmadas em solo americano, com 547.681 casos, contra 19.899 mortes na Itália (156.363 casos) e 16.972 mortes na Espanha (166.019 casos), segundo a Universidade Johns Hopkins. O presidente Donald Trump falou em pico da doença e que setores da economia do país poderão retomar atividades em maio, após o fim do isolamento social previsto até 30 de abril.

No Brasil, onde a pandemia está em aceleração, há 1.223 mortes e 22.169 casos registrados, dos quais 8.755 casos e 588 mortes no Estado de São Paulo. O Ministério da Saúde diz que a situação mais crítica, ao menos em São Paulo e no Rio de Janeiro, deve ocorrer no final deste mês e no início de maio, quando as projeções indicam que o País poderá atingir a marca de 100 mil pessoas com Covid-19.

Ontem, em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, Mandetta pediu para que as pessoas mantenham o isolamento social para conter o avanço do novo coronavírus e, em recado ao presidente Jair Bolsonaro, cobrou uma “fala única” sobre o problema para não confundir a população. A entrevista foi encarada por interlocutores e integrantes do Palácio do Planalto como uma provocação.

Em meio ainda à pressão contra os governadores, a Procuradoria dos Direitos do Cidadão, órgão do Ministério Público Federal, alertou que pode configurar improbidade administrativa afrouxar medidas contra o coronavírus sem sistema de saúde suficiente disponível para suportar o pico da pandemia.

Em relação a agenda de indicadores, o destaque será a divulgação do índice de atividade econômica do Banco Central (IBC-BR) amanhã. Desta forma, a votação da PEC do orçamento de guerra no Senado hoje e as negociações em torno do projeto emergencial de socorro a Estados e municípios na Câmara ficam no foco.

Rafael G. Cardoso, economista-chefe da Daycoval Asset Management

Antônio Castro, analista econômico da Daycoval Asset Management

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