A cirrose hepática é considerada a principal doença crônica do fígado. Causada geralmente por infecções ou inflamação crônica, a patologia pode ser fatal. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a condição é caracterizada por fibrose e formação de nódulos que bloqueiam a circulação de sangue no corpo.
A cirrose faz com que o fígado produza tecido de cicatrização em vez de células saudáveis. Com isso, o órgão deixa de desempenhar suas funções normais, como produzir bile (agente emulsificador de gorduras) e proteínas, auxiliar na manutenção dos níveis saudáveis de açúcar no sangue e metabolizar colesterol, álcool e alguns medicamentos.
Eliminar o agente agressor, manter uma alimentação balanceada e usar remédios são algumas ações que o médico da área de hepatologia pode recomendar ao paciente.
Causas
Mais comum em homens acima dos 45 anos, a cirrose também pode acometer mulheres. Ao lado da esteatose (gordura no fígado), o uso abusivo do álcool é uma das principais causas dessa doença. Hepatites crônicas provocadas pelos vírus B e C, pelo uso de algumas medicações e pela hepatite autoimune também podem desencadeá-la.
As hepatites B e C são provocadas por vírus e transmitidas por compartilhamento de objetos contaminados — como agulhas, alicates de unha, seringas ou aparelhos de tatuagens contaminados — e contato sexual desprotegido. Essas variações da patologia afetam as células do fígado e, caso não sejam tratadas precocemente, podem desencadear uma inflamação crônica, levando à cirrose.
Sintomas
Segundo o Portal Drauzio Varella e sites de outras entidades especializadas, os principais sintomas da cirrose são perda de peso, dor abdominal, fadiga, fígado aumentado, olhos e pele amarelados (icterícia).
Além disso, o paciente com cirrose pode apresentar urina escura, perda de cabelo, edema (especialmente nas pernas) e ascite — presença de líquido na cavidade abdominal que provoca inchaço. A encefalopatia hepática, síndrome que provoca alterações cerebrais devido ao mau funcionamento do fígado, surge em casos mais avançados.
Especialistas ressaltam que, durante bastante tempo, a doença pode evoluir sem causar sintomas.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico da cirrose deve ser feito quanto antes para que o tratamento seja iniciado o mais rápido possível. A atitude precoce pode adiar ou evitar que surjam complicações mais graves.
Avaliação dos sintomas apresentados, dos hábitos de vida e do histórico de saúde é essencial para o diagnóstico. Geralmente, o médico solicita exames laboratoriais que avaliam a função do fígado, rins e a capacidade de coagulação, além de testes sorológicos para identificar infecções virais.
O profissional também pode pedir a realização de exames de imagem, como ressonância magnética ou tomografia computadorizada, para avaliar o fígado e a região abdominal. Eles permitem identificar regiões lesionadas e indicar a necessidade de biópsia.
Vale lembrar que a biópsia de fígado não é realizada visando ao diagnóstico, mas sim para determinar a causa da doença quando necessário
A elastografia hepática é outro exame utilizado para acompanhar o grau de acometimento do órgão e monitorizar intervenções terapêuticas. Trata-se de um método de imagem não invasivo que possibilita analisar a presença e o nível de fibrose (processo de cicatrização causado por lesões contínuas) no fígado.
De acordo com o novo Consenso sobre Hipertensão Portal, o Baveno VII, publicado em abril /2022 no Journal of Hepatology, é recomendada a realização de elastografia hepática anual para o acompanhamento dos pacientes com cirrose.
Tratamento
O tratamento varia conforme a causa da cirrose. O primeiro passo a ser dado depois do diagnóstico é eliminar o agente agressor (no caso de álcool e drogas) ou combater o vírus da hepatite.
É necessário manter uma dieta adequada e que inclua suplementação de vitaminas, já que o comprometimento do fígado pode dificultar a ingestão de gorduras.
Dependendo dos sintomas apresentados, o hepatologista também pode receitar o uso de alguns medicamentos. Alguns exemplos são diuréticos, vitaminas e betabloqueadroes para melhorar a qualidade de vida do indivíduo com cirrose e reduzir risco de complicações ou descompensações da doença
Também é essencial manter as vacinas em dia, pois pacientes com cirrose são mais suscetíveis a complicações relacionadas a qualquer processo infeccioso.
Acompanhamento nutricional e prática de atividade física são outras práticas importantes na manutenção da saúde.
O transplante de fígado, por outro lado, pode ser a solução para quadros mais graves ou até mesmo a única chance para a cura definitiva da doença.
Causas da cirrose e recomendações
As principais causas para o desenvolvimento da cirrose são:
- algumas doenças genéticas, como Doença de Wilson e deficiência de alfa-1-antitripsina;
- esteatose ou doença hepática gordurosa;
- infecção pelos vírus da hepatite B ou C;
- colangite esclerosante primária;
- uso excessivo de álcool;
- colangite biliar primária;
- hepatite autoimune.
As recomendações para prevenir tal condição incluem evitar o consumo abusivo de álcool, utilizar preservativo nas relações sexuais e usar seringas descartáveis para evitar a contaminação pelos vírus das hepatites B e C.
Além disso, é fundamental não descuidar do tratamento para as hepatites B e C crônicas com o intuito de não deixar que provoquem cirrose, além de se vacinar contra hepatite B para evitar o risco de contrair a doença.