Credit: Nature Geoscience (2024). DOI: 10.1038/s41561-024-01453-x

Um estudo recente revelou que as mudanças climáticas podem elevar as temperaturas das águas subterrâneas rasas em até 3,5°C nas próximas décadas. Este aumento pode ter consequências significativas para a agricultura, a disponibilidade de água potável e os ecossistemas naturais.

Pesquisadores do Instituto de Pesquisa Hidrológica da Alemanha alertam que as águas subterrâneas, uma fonte crucial de água doce, estão sob ameaça devido ao aumento das temperaturas globais. Segundo o estudo, publicado na revista Nature Communications, a elevação da temperatura atmosférica está diretamente influenciando o aquecimento das águas subterrâneas, particularmente aquelas localizadas a pouca profundidade.

O Dr. Hans Müller, principal autor do estudo, explicou que as águas subterrâneas rasas são mais vulneráveis às variações climáticas porque estão localizadas próximas à superfície. “Nossos modelos climáticos indicam que, se não reduzirmos significativamente as emissões de gases de efeito estufa, as temperaturas das águas subterrâneas podem subir em média 3,5°C até o final do século”, afirmou Müller.

Este aumento de temperatura nas águas subterrâneas pode trazer uma série de problemas. Para a agricultura, a água mais quente pode afetar negativamente a irrigação, reduzindo a produtividade das culturas. “Plantas dependem de temperaturas específicas para crescerem de forma saudável. A água subterrânea mais quente pode estressar as plantas e diminuir a produção agrícola”, alertou Müller.

Além disso, a qualidade da água potável pode ser comprometida. Água subterrânea mais quente pode facilitar a proliferação de microrganismos patogênicos, aumentando os riscos de contaminação. “As comunidades que dependem de águas subterrâneas para consumo humano podem enfrentar sérios desafios de saúde pública se a qualidade da água for comprometida”, destacou Müller.

Os ecossistemas naturais também estão em risco. Muitas espécies aquáticas e terrestres dependem de águas subterrâneas frescas para sobreviver. “Mudanças na temperatura da água podem alterar os habitats e ameaçar a biodiversidade. Espécies que não conseguirem se adaptar rapidamente podem enfrentar extinção”, explicou Müller.

O estudo utilizou uma combinação de dados históricos e modelos climáticos avançados para projetar as mudanças de temperatura nas águas subterrâneas. Os pesquisadores analisaram dados de diferentes regiões do mundo, observando como as variações climáticas regionais podem influenciar as águas subterrâneas de maneira diferente. “Embora algumas áreas possam experimentar aumentos maiores ou menores de temperatura, a tendência geral é de aquecimento significativo”, disse Müller.

Para mitigar esses impactos, os pesquisadores sugerem várias medidas. A principal delas é a redução das emissões de gases de efeito estufa para limitar o aquecimento global. “Se conseguirmos manter o aquecimento global abaixo de 1,5°C, poderemos reduzir significativamente o impacto sobre as águas subterrâneas”, afirmou Müller.

Além disso, é necessário um gerenciamento mais eficiente dos recursos hídricos. Técnicas de irrigação mais eficientes, conservação de áreas de recarga de águas subterrâneas e monitoramento constante da qualidade da água são fundamentais para proteger esse recurso vital. “Precisamos adotar uma abordagem integrada para a gestão das águas subterrâneas, considerando tanto a quantidade quanto a qualidade da água”, destacou Müller.

O estudo também chama a atenção para a importância da adaptação às mudanças climáticas. “Precisamos preparar nossas comunidades e sistemas agrícolas para lidar com as mudanças que já estão em curso. Isso inclui investir em tecnologias de resiliência climática e melhorar a infraestrutura de água”, concluiu Müller.

Em suma, o aquecimento das águas subterrâneas devido às mudanças climáticas é uma preocupação crescente que exige ação imediata. Proteger este recurso vital é essencial para garantir a segurança alimentar, a saúde pública e a biodiversidade em um futuro marcado por desafios ambientais.

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