Compliance em período eleitoral: por que as empresas devem se adequar?

Ano de eleições. Para muitos, lembrar desse fato é algo maçante, tendo em vista o cenário de polarização política que vivemos. Entretanto, os impactos do período eleitoral afetam toda a sociedade, inclusive o meio empresarial, que se vê dividido acerca de qual o posicionamento deve seguir durante os meses que antecedem a ida às urnas. Diante disso, investir em ações de gestão e governança trazem à tona a importância de estabelecer um compliance corporativo nessa jornada.

Para entendermos a posição das organizações durante as eleições, é necessário enfatizarmos a medida tomada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em 2015, que aprovou a proibição de empresas fazerem doações a candidatos e partidos políticos para as campanhas eleitorais. E, embora essa decisão pareça ter solucionado um dos principais dilemas, precisamos deixar claro que, ainda assim, não é suficiente para direcionar as companhias – já que a determinação da Justiça resolve apenas uma parte desse assunto.

O que move cada negócio é o time de colaboradores. Sendo assim, mesmo diante de uma lei criada, cabe a cada empresa, durante o período eleitoral, definir quais medidas irá adotar e compartilhá-las com todos, para que não ultrapassem os limites da liberdade de expressão de cada um. O que nos leva a enfatizar de que maneira essas ações devem ser tomadas assertivamente, em um período tão delicado.

Certamente, a comunicação é a principal ferramenta nesse processo. Afinal, esse é o caminho para obtermos a resolução de diversos assuntos e, se tratando da gestão de riscos que envolve o período eleitoral, esse é o primeiro passo ser considerado nesse processo. Desta forma, antes de tudo, é importante a organização deixar claro para o colaborador as recomendações para o período.

Por sua vez, dúvidas podem aparecer, tendo em vista o direito de cada um se expressar livremente. Assim, questionamentos de como gerenciar ações que são feitas fora do local de trabalho, como manifestações políticas, apoio a candidatos nas redes sociais, fidelização a partidos, entre outros, devem ser considerados, já que podem refletir diretamente na imagem da empresa.

Nesse sentido, o compliance corporativo ganha ainda mais relevância. Até porque, a melhor maneira da empresa lidar com esses assuntos é definir com antecedência as diretrizes empresariais a serem adotadas para esse período. Ou seja, definir, de maneira prévia, quais cargos devem adotar uma posição neutra, policiar a equipe acerca de como deve ser o envolvimento nas campanhas e, sobretudo, reforçar a importância de seguir as recomendações, para que haja concordância no posicionamento.

Investir nessa ação ajuda na separação do que é assunto empresarial e política, guiando a equipe, de modo que não se sintam coagidos, e sim, inclusos em todo o processo de criação de recomendações para o período eleitoral. Pois, definir um sistema assertivo, certamente, irá ajudar na consolidação de uma gestão eficiente, obtendo benefícios, como o aumento da sua credibilidade e imagem perante os clientes e parceiros.

Em suma, o compliance em período eleitoral é a principal ferramenta de auxílio para que sejam feitas recomendações e orientações que tragam segurança para as empresas e os funcionários. Entretanto, essa ação é desafiadora, ainda mais no nosso país, onde temos, enraizados historicamente, o engajamento e participação política da população. Por sua vez, o caminho para ultrapassar essas barreiras pode ser iniciado a partir da inclusão, levando em conta os aspectos favoráveis e contrários, que permitirão agir em concordância, obtendo respeito mútuo em ambas as partes. E, mais uma vez, a chave para isso é investir na comunicação e fortalecer a gestão.

Marcelo Erthal é CEO do clickCompliance, startup de tecnologia para gestão de compliance.

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