Cooperativa no norte do Pará bate recorde na safra de castanha, cresce 191% e gera renda de R$ 645 mil a comunidades locais

Resultado de prática ancestral promove geração de renda para comunidades extrativistas indígenas, quilombolas e ribeirinhas que compõem a cooperativa Coopaflora, apoiada pelo Imaflora

Produtores de castanha da região Norte do Pará comemoram ótimos resultados da coleta deste ano. A Cooperativa Mista dos Povos e Comunidades Tradicionais da Calha Norte (Coopaflora), que reúne indígenas, quilombolas e assentados, comercializou 98,5 toneladas de castanhas ao longo do período da safra, entre fevereiro e junho. As vendas totalizaram R$ 645,7 mil, um crescimento de 191% em relação à safra anterior, quando o total comercializado foi de R$ 221,7 mil. 

A coleta da castanha é uma prática ancestral entre quilombolas e indígenas dos municípios de Oriximiná e Nhamundá, situadas, respectivamente, no Pará e no Amazonas. “É uma cultura muito forte que vem passando de geração a geração entre nós”, explica Daiana Figueiredo, mulher quilombola e presidente da Coopaflora. “Sempre que chega o mês de janeiro todo mundo já vai para o castanhal e sai de lá planejando comprar algum bem de necessidade para sua família porque é uma renda a mais para nós, principalmente quando a safra é boa.”

Na safra de 2022, além dos números de produção e venda, a quantidade de participantes também aumentou. Enquanto em 2021 cerca de 40 famílias atuaram diretamente na comercialização da castanha pela cooperativa local, neste ano a participação mais que dobrou, alcançando cerca de 100 famílias beneficiadas. O resultado é reflexo da articulação da cadeia promovida pela Coopaflora com o apoio do programa Floresta de Valor, realizado pelo Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) e patrocinado pela Petrobras. “Temos um cenário de maior credibilidade da cooperativa junto aos territórios, preços competitivos, fortalecimento da operação da cadeia nas Terras Indígenas, tudo isso associado a essa ação conjunta”, afirma Léo Ferreira, coordenador de projetos do instituto.

O resultado recorde da safra vem após o difícil período vivido nos primeiros anos da pandemia, ressalta Mateus Siqueira Lobo, do Imaflora, lembrando que, na produção de 2020 foram comercializadas por volta de 69 toneladas de castanha, movimentando cerca de R$ 280 mil no início da pandemia. “Obtivemos bons números em 2020 com a superação de vários obstáculos no primeiro ano da pandemia. Já em 2021, uma inevitável queda ocorreu, superada com folga pela safra de 2022”.

Mas nem sempre o trabalho dos extrativistas foi devidamente reconhecido. Daiana lembra que, antes de 2019, ano de criação da cooperativa, a castanha era vendida por um preço muito barato, que não levava em consideração as dificuldades dos produtores na coleta. “É um trabalho difícil e o castanheiro corre alguns riscos na floresta: pode ser picado por um inseto, ser atingido por um ouriço na cabeça. Não era um preço justo para nós.” Hoje, ela acredita que o trabalho é compensado. “Através do Florestas de Valor tivemos mais reconhecimento, passamos a conseguir uma renda melhor e conseguimos um melhor sustento”, diz.

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