Diretora da Plastic Bank: “É fundamental atacar, ao mesmo tempo, a pobreza e a poluição dos oceanos”

Durante a mesa “Como avançamos no combate ao lixo no mar”, na Semana do Mar de São Paulo, Helena Pavese destacou que o combate ao plástico nos oceanos e à desigualdade social estão interligados

A Plastic Bank, empresa social que ajuda a impedir que o plástico polua os oceanos, esteve presente na Marina Week – a Semana do Mar de São Paulo, que acontece entre os dias 1 e 5 de junho no Memorial da América Latina. A Diretora Geral da Plastic Bank no Brasil, Helena Pavese, participou, nesta sexta-feira (3), da mesa “Como avançamos no combate ao lixo no mar”, junto a representantes de outras iniciativas que atuam diretamente na busca por um oceano mais limpo. Em sua fala, Helena destacou que a poluição plástica nos oceanos tem ligação direta com a desigualdade social, de modo que o combate à pobreza também é uma pauta importante a ser considerada.

Fundada no Canadá por David Katz, em 2013, a Plastic Bank já bateu a marca de 2,5 bilhões de garrafas PET – ou seja, mais de 50 milhões de quilos de plástico – encaminhadas para reciclagem ao redor do mundo. A empresa constrói ecossistemas éticos de reciclagem em comunidades costeiras e reprocessa os materiais para reintroduzi-los na cadeia global de fornecimento para manufatura. Para isso, firma parcerias, estrutura pontos de coleta seletiva e registra os coletores associados em um programa que oferece remuneração extra pelo volume de material coletado, ajudando-os a suprir necessidades básicas e a viver em melhores condições socioeconômicas.

– É importante deixar claro que a poluição dos oceanos também é um problema social. Para a Plastic Bank, os habitantes das comunidades costeiras vulneráveis são uma solução. Atualmente, muitas pessoas já complementam boa parte da renda familiar com o trabalho de coleta de resíduos plásticos. Além disso, hoje, muitos peixes, por exemplo, já estão contaminados por conta da poluição, o que é um grande problema para comunidades que têm o peixe como sua maior fonte de proteína. Os mais impactados sempre são os mais pobres. Para nós, é fundamental atacar, ao mesmo tempo, o problema da pobreza e da poluição dos oceanos com plástico – comentou Helena na Marina Week.

O evento é fruto de uma parceria entre a Cátedra Unesco para a Sustentabilidade do Oceano, um convênio entre a Organização das Nações Unidas para a Educação e a Cultura (Unesco) e a Universidade de São Paulo (USP), e a revista Scientific American Brasil.

Durante o painel, Helena Pavese apontou que, mesmo sendo um dos principais produtores de lixo plástico do mundo, o Brasil recicla apenas 1,3% do material. Ela reforçou, ainda, que a metade desse resíduo tem origem doméstica, o que mostra que a poluição plástica é uma questão coletiva:

– O plástico está em tudo que a gente usa. Um brinquedo de plástico, por exemplo, pode ficar 500 anos no meio ambiente. Nosso país é o quarto maior produtor de lixo plástico no mundo e apenas 1,3% é reciclado, o resto vai parar em aterros. Grande parte desse lixo é levada pela chuva, pelo vento, e acaba parando nos oceanos. E é importante lembrar que esse não é um problema externo, é um problema nosso, que volta para nós. Já há casos de resina plástica em fetos, pulmões. Inclusive, o próprio plástico também pode ficar contaminado, o que faz com que a gente não consiga reintroduzi-lo na cadeia.

No ecossistema da Plastic Bank, as informações relacionadas à coleta do plástico são registradas em uma plataforma de blockchain, que protege todas as transações e possibilita a visualização de dados em tempo real, garantindo transparência, rastreabilidade e escalabilidade ao processo de reciclagem do material. Como resultado, todo o volume coletado e reciclado se torna o chamado Plástico Social, que comprova os benefícios ambientais e socioeconômicos gerados ao longo da cadeia.

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