O dólar continuou a cair na sessão desta quarta-feira e fechou abaixo de R$5 pela primeira vez desde junho de 2022, em um dia marcado por perdas do dólar no exterior. A moeda brasileira apresentou o melhor desempenho entre as divisas emergentes e dos países exportadores de commodities. Fluxos de recursos estrangeiros para ações e renda fixa locais, fechamento de câmbio por exportadores e desmonte de posições defensivas no mercado futuro foram citados como razões para a queda. As divisas emergentes, especialmente latino-americanas de países com altas taxas de juros, ganharam impulso com a divulgação do resultado abaixo do esperado do índice de preços ao consumidor (CPI) nos EUA em março.
O dólar operou em queda firme ao longo do dia, com mínima de R$4,9176 (-1,79%) no fim da manhã, encerrando a sessão em baixa de 1,31%, cotado a R$4,9417 – o menor valor de fechamento desde junho de 2022 (R$4,9156). A moeda apresentou perdas de 2,30% na semana e de 2,50% em março, resultando em uma desvalorização acumulada de 6,41% no ano.
A queda do dólar foi acompanhada por outras moedas do mundo, devido à divulgação da inflação americana abaixo do esperado, o que pode ter efeito no ciclo de alta de juros nos EUA. A desaceleração forte do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em março e a possibilidade de inclusão de travas extras à expansão de gastos na proposta do novo arcabouço fiscal também repercutiram nas mesas de operação.
O economista-chefe do Banco Pine, Cristiano Oliveira, afirmou que a mudança da perspectiva para a política monetária americana e a valorização dos preços das commodities são os principais propulsores da onda recente de queda expressiva do dólar no mercado doméstico de câmbio. Oliveira vê a possibilidade de continuidade da apreciação da moeda brasileira devido aos fundamentos macroeconômicos e à taxa real de câmbio ainda depreciada. Além disso, a entrada de portfólio para renda fixa e ações é esperada.
