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À beira do Rio Negro, na comunidade Tumbira, no município de Iranduba, 60 secretários de educação, coordenadores e gestores das redes municipais de ensino de 10 municípios do Amazonas se reuniram para o 2º Planejamento Integrado das Redes Municipais. 

O evento teve duração de dois dias na comunidade, que está localizada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Negro, e faz parte do projeto “Práticas Pedagógicas Inovadoras para a melhoria do Ensino Fundamental e Médio na Amazônia profunda”, da Fundação Amazônia Sustentável (FAS), realizado em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Movimento Bem Maior. 

A iniciativa pretende fortalecer 11 redes municipais do estado do Amazonas por meio da formação continuada de profissionais de educação pelos próximos três anos.

Alcione de Souza Dantas, professora indígena do município de Coari, define o projeto como inovador. “Esse projeto para mim é uma inovação. Vimos a participação maior dos professores de querer aprender para que esses conteúdos sejam desenvolvidos nas escolas. Para a área indígena essa metodologia que a FAS traz é rica”, afirma.

Um dos exemplos de educação inovadora, segundo a professora, são os materiais didáticos de apoio aos profissionais, como o “Alfabetário”, com exemplos de animais, comidas típicas, objetos, entre outros vocabulários, que dizem respeito à vivência ribeirinha amazônica. “Hoje, o alfabeto está de parabéns e bem regionalizado. Vemos a letra ‘T’, falando em tucunaré, a letra ‘U’, remete ao ‘urucum’, que são usadas em nossas pinturas indígenas. Isso, para mim, é muito bom”, afirma.

Durante os dias 8 e 9 de maio, os profissionais de educação estiveram imersos na construção do planejamento para o ano de 2024. Além disso, os educadores compartilharam as suas experiências, a partir do primeiro planejamento realizado em outubro de 2023 e o que houve de melhorias nas salas de aulas, bem como os ajustes que precisam ser realizados, como explica  a gerente do Programa de Educação para a Sustentabilidade da FAS, Fabiana Cunha.

“Nesse segundo planejamento, retornamos com os municípios as atividades que foram realizadas até o momento, onde avaliamos o que conseguimos executar, as necessidades de re-planejamentos e também recebemos desses educadores o retorno dos que já receberam o treinamento pedagógico. Aqui, inclusive, já recebemos uma demanda, que é trabalhar com práticas pedagógicas voltadas para educação inclusiva”, conta.

De acordo com a gerente, a partir das demandas levadas pelos secretários e coordenadores, a equipe se reuniu para preparar as próximas etapas dos treinamentos, levando em consideração o melhor calendário para os territórios e professores. Dessa forma, os profissionais conseguirão realizar as etapas necessárias para a execução do projeto com eficiência.

O coordenador de ensino fundamental no município de Carauari, Gilmar Girão Leite, comenta que o planejamento é fundamental para alcançar a diversidade e abrangência da educação nos territórios do Estado. 

“A nossa expectativa é ter um planejamento bem estruturado que contemple a diversidade de todos os municípios que participaram desse evento, e que possamos lá na ponta executar com o professor, e a partir dele fazer com que as práticas inovadoras cheguem aos alunos. Essa formação vem ao encontro de uma necessidade que nós temos, pois ainda encontramos professores que vêm do contexto urbano para a escola ribeirinha, em que ele se depara com uma realidade que muitas vezes não sabe como transformar. Então, essa formação vai dar todo o suporte para que esses educadores possam abrir os horizontes para se trabalhar com essas crianças nos territórios”, declara.

Sobre o projeto 

A iniciativa visa fortalecer 11 redes municipais do Amazonas de educação, que inclui 558 escolas e 59.519 beneficiários, por meio da formação continuada de professores e gestores para construção, implementação e avaliação de modelos pedagógicos relevantes capazes de contribuir com os desafios do desenvolvimento sustentável na Amazônia profunda, bem como contribuir com alcance das metas 15 e 16 do Plano Nacional de Educação (PNE) e diretrizes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).  

Cerca de R$ 11 milhões estão sendo investidos, além de instalações de placas de energia solar e infraestrutura para acesso à internet nas unidades de Ensino Médio. Metade do projeto será financiado pelo Fundo Socioambiental, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), enquanto a outra metade será garantida pelo Movimento Bem Maior. A FAS é responsável por gerenciar os recursos dos financiadores e aplicar o projeto ao longo de três anos.

Nos anos em que o projeto funcionará, são estimados oito ciclos de treinamento de 20 horas para 1.588 professores municipais. Todo o processo será feito de forma integrada com as secretarias municipais em todas as fases do projeto, criando cooperação técnica pedagógica e uma rede colaborativa de gestores de educação.

A parceria estadual vai permitir ainda que dois cursos virtuais latu sensu de 360 horas sobre práticas pedagógicas de desenvolvimento sustentável e gestão de projetos e currículos escolares sejam disponibilizados para 200 docentes.

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