Por que a crise energética pode provocar a falta de fertilizantes?

Os fertilizantes são compostos químicos muito utilizados na agricultura, e tem como principal objetivo otimizar o solo e aumentar seus nutrientes para melhorar a produtividade do plantio. Ele pode ser comprado através do credito agropecuário.

Por conta das crises energéticas que tem acontecido no mundo todo, principalmente em países que fornecem matéria-prima para a produção destes químicos, a dificuldade em encontrá-los está cada vez maior.

Um dos principais problemas relacionados à produção de fertilizantes está no fato de que a produção agrícola depende de muito planejamento, e insumos como este devem ser comprados com antecedência baseados no plantio que será realizado.

Os efeitos da escassez já são sentidos, e a falta de produtos já está gerando um forte impacto na produção de alimentos, com resultados imediatos que afetarão safras recentes, uma vez que elas não tiveram a quantidade adequada de fertilização e de controle de insetos.

A produção nacional é altamente dependente da exportação para produzir fertilizantes. No Brasil, muito da matéria-prima para estes itens não é nativo, e nos casos onde existe a matéria-prima, ela normalmente é aplicada em outras situações.

Por conta disso, a importação acaba se tornando uma ferramenta fundamental para esse tipo de produção, tornando o país um dos principais importadores, uma vez que a indústria do agronegócio é muito forte.

No caso dos fertilizantes, que servem para adubar a terra e estimular o plantio, e dos agrotóxicos, pesticidas que tem como principal função proteger a colheita de pragas e outros animais, o Brasil depende muito dos produtos adequados chegarem para a produção ser realizada.

Existe todo um cuidado e atenção para a produção de fertilizantes. Eles devem passar por uma série de testes de qualidade com um software de logistica antes de chegarem ao mercado, e esse processo acaba ficando prejudicado quando há falta de matéria-prima para sua produção.

Para dar conta dessa falta, os órgãos regulamentadores acabam afrouxando as regras de avaliação, o que gera produtos de qualidade inferior e gera a insatisfação por parte de ambientalistas e da própria população como um todo.

Um dos maiores exportadores para o Brasil produzir os fertilizantes é a China, que representa sozinha mais de 30% de toda a importação destes produtos. Por conta de mudanças na política de energia do país, essa crise começou a se instalar.

Algumas províncias chinesas são as grandes responsáveis pela produção de produtos com base em glifosato e em fósforo amarelo, e por conta da crise energética, os turnos de trabalho reduziram consideravelmente nestes locais.

O fósforo amarelo em particular é um dos principais produtos para produzir fertilizantes de qualidade, e sua falta prejudica consideravelmente a produção em empresas responsáveis por apresentar o produto final ao agronegócio e a alimentação industrial.

A China é um país que ainda depende muito do carvão mineral como fonte de energia. Entretanto, está tentando buscar alternativas para o material, que é muito poluente, e buscar uma forma mais renovável de energia.

Para lidar com essa mudança e identificar maneiras de aplicar corretamente os novos modelos de energia, o governo aumentou o preço da eletricidade, uma forma de as pessoas gastarem menos energia durante a transição.

Diante disso, muitas fábricas começaram a reduzir sua produção, diminuindo assim o impacto ambiental e o custo de energia para manter suas atividades em funcionamento normalmente.

Um período de seca agravou ainda mais a situação, diminuindo a capacidade das hidrelétricas gerarem energia. 

Isso limitou ainda mais a oferta de importação aérea, e alguns setores da indústria chinesa tiveram que se adaptar a um formato de rodízio para conseguir trabalhar efetivamente.

A crise energética agravou ainda mais um quadro que já estava deficitário, uma vez que a China havia diminuído consideravelmente sua produção durante o maior período da pandemia do COVID-19, e aplicado uma estrutura de isolamento social por um longo tempo.

Outros fornecedores de matérias-primas, como é o caso da Índia, estão passando por situações similares, com problemas de falta de estoque de carvão para garantir a qualidade da energia elétrica, que pode gerar uma crise de até seis meses.

Quanto menos é produzido estas matérias-primas, mais protecionista o país acaba ficando, decidindo manter a prioridade no mercado interno e reduzindo ainda mais a quantidade de produtos para exportação, que é o momento em que isso afeta o Brasil.

Impactos para a produção e consumo

Os principais afetados pelo agravamento na crise energética e na escassez de fertilizantes decorrente dela são os produtores e os consumidores diretos. No Brasil, ainda existem fertilizantes no mercado, mas a quantidade reduziu drasticamente.

Além disso, existem faltas pontuais em alguns locais, o que gera um aumento no preço de onde eles ainda estão disponíveis. Em outros países, como os EUA, a crise já tem impactos fortes na produção agrícola, o que gerou a necessidade da criação de um projeto fotovoltaico.

Se não houver uma reversão direta nessa situação ainda esse ano, a safra do ano que vem poderá ser fortemente prejudicada. Por conta da compra antecipada da parte do agronegócio nacional, a safra 21/22 não será diretamente afetada, entretanto.

Isso porque ainda existe a possibilidade de problemas durante esta safra, riscos como:

  • Dificuldade de plantio;
  • Agressão ao solo;
  • Ataques de erva-daninha;
  • Diminuição da qualidade dos produtos.

A escassez de fertilizantes e de agrotóxicos acaba deixando as plantações extremamente vulneráveis, principalmente no caso do milho, trigo e cevada, que estão sentindo os impactos dessa crise energética.

Mesmo com os estoques planejados, o impacto financeiro já é sentido no bolso do produtor. Os produtos estão aumentando consideravelmente de valor, e forçando os agricultores a subir o preço de seu produto para conseguir dar conta da compra de fertilizantes em uma caçamba agrícola.

O preço por tonelada teve um aumento grande, forçando os produtores a vender mais para conseguir dar conta desse tipo de produção, uma vez que os itens são necessários para o plantio como um todo.

Os fertilizantes receberam uma alta de mais de 100% de seu valor, o que impacta muito negativamente todo o agronegócio. Por consequência, o consumidor sente essa diferença no bolso.

Os produtos de consumo, tanto da agricultura quanto da pecuária, acabam sofrendo aumentos relevantes e se tornando produtos de mais difícil acesso. No caso da carne, por exemplo, o valor reflete a soja, o milho e a ração para suinos.

O mercado de orgânicos

Para o agronegócio, é muito difícil substituir os fertilizantes pelo adubo orgânico, em grande parte por conta do volume e da velocidade necessária para a produção. Entretanto, ainda existem possibilidades de proteção para a plantação.

Um dos elementos que tem sido pesquisado é a integração LPF (Lavoura, Pecuária e Floresta), que utiliza os predadores naturais dos invasores como forma de proteger o plantio, evitando a necessidade de produtos químicos.

Os bioinsumos também estão começando a surgir no mercado como uma alternativa plausível para combater a questão da escassez. Entretanto, é preciso ter em mente que estas e até mesmo outras saídas que estão surgindo no mercado ainda são experimentais.

Isso significa que é necessário investimento e tempo de trabalho para avaliar o quão bem estes elementos podem fazer, e é necessário um certo grau de confiança dos agricultores para gerar esse tipo de material.

A curto prazo, não é possível desenvolver técnicas que substituam os fertilizantes, e por conta disso a crise ainda é uma realidade, caso não se resolvam os problemas relacionados à energia o quanto antes para regularizar a produção de insumos.

O governo está buscando outras alternativas, e pretende antecipar os pedidos de novos fornecedores e o registro de alternativas para os fertilizantes e agrotóxicos, buscando maneiras de contornar a situação.

Embora seja uma alternativa, ela pode não ter a funcionalidade desejada. Isso porque a crise energética é mundial, e mesmo os novos fornecedores podem estar lidando com o mesmo tipo de problema, gerando a escassez de qualquer forma.

Para muitos especialistas, o principal caminho para evitar problemas maiores é a diplomacia. Isso porque a China e outros países são consumidores em grande escala da pecuária brasileira. 

O prejuízo no agronegócio nacional acaba impactando negativamente estes países também.

Considerações finais

O debate acerca da crise de energia tem se intensificado no mundo todo, e alternativas têm sido pensadas para evitar uma crise de abastecimento subsequente. Por isso, os mercados estão constantemente buscando inovações e modelos alternativos para trabalhar.

A longo prazo, entretanto, o diálogo entre as nações deve ser o principal ponto para garantir uma estrutura adequada. A necessidade de importações e exportações de cada país podem ser excelentes argumentos para uma conquista diplomática.

Portanto, ainda que uma alta nos preços seja inevitável, esse tipo de abertura garante pelo menos o fornecimento, impedindo que a situação externa gere problemas ainda maiores.

Esse texto foi originalmente desenvolvido pela equipe do blog Guia de Investimento, onde você pode encontrar centenas de conteúdos informativos sobre diversos segmentos.

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Formado em Jornalismo e Comunicação Social. Assessor digital pela equipe Guia de Investimento. Meu compromisso é entregar conteúdos de qualidade para diversos setores, entre os principais: Tecnologia, finanças e meio ambiente.