Gás deve sair do sistema de energia global até 2040 para limitar o aquecimento a 1,5°C, diz relatório

O GNL deve sair rapidamente da geração de eletricidade depois do carvão – já em 2035 nos países ricos, e em 2040 para o resto do mundo – para manter ao alcance a meta de 1,5°C do Acordo de Paris. A afirmação é do estudo “Gás fóssil: uma ponte para lugar nenhum“, divulgado hoje (14). 
 

A pesquisa foi conduzida pela Climate Analytics e buscou indicar quando diferentes regiões do planeta precisam eliminar gradualmente a geração de eletricidade a partir do gás fóssil para serem compatíveis com a meta de 1,5°C. Em nível global, a análise descobriu que o declínio na geração de eletricidade a gás deve começar imediatamente, e cair para apenas 15% da geração total de eletricidade global até 2030 para atingir níveis muito baixos até 2035.
 

“Nossa análise mostra muito claramente que o gás fóssil não pode ser um combustível de transição”, diz a autora principal Claire Fyson, que lidera a análise de caminhos de mitigação na Climate Analytics. “A eliminação progressiva em todas as regiões é no máximo 5-10 anos depois do carvão, muito curto para que os investimentos na expansão do gás sejam economicamente justificáveis e não fiquem encalhados.”
 

Embora haja um consenso crescente entre os governos sobre a necessidade da eliminação progressiva do carvão, o gás fóssil tem voado fora do radar. Muitos governos estão respondendo à atual crise energética planejando uma nova infraestrutura de gás para substituir os suprimentos russos.
 

O Brasil é o terceiro país do mundo a investir em novas infraestruturas de gás que correm o risco de ficarem encalhadas logo depois de prontas devido ao avanço das renováveis. O gás fóssil, liquefeito ou não, é o 4º produto mais importado pelo país entre janeiro e abril de 2022. Na comparação com o mesmo período em 2021, houve um aumento de 11,6% nas importações de gás, enquanto o preço subiu 133,3%. 
 

“O Brasil tem importado quantidades crescentes de gás natural liquefeito para queimar em termelétricas, particularmente em Sergipe e Rio de Janeiro”, explica Roberto Kishinami, coordenador do Portfólio de Energia Elétrica do iCS (Instituto Clima e Sociedade). “É uma commodity, importada dos Estados Unidos, que tem preços astronomicamente altos, desde antes da guerra da Rússia na Ucrânia, e que agora vai continuar caro e com preços voláteis enquanto esse conflito não tem uma solução diplomática.”
 

Para Kishinami, expor o consumidor brasileiro às oscilações desta commodity por meio das contas de eletricidade é uma atitude que afronta o mercado doméstico e que prejudica a todos, “com maior peso à população de menor renda.”

Ajuda aos países em desenvolvimento
 

A pesquisa da Climate Analytic afirma que há diferenças importantes entre os caminhos que países ricos e pobres devem e podem trilhar. Os países desenvolvidos precisarão primeiro eliminar gradualmente o gás, para cair abaixo de 10% da geração total de eletricidade até 2030, e efetivamente ser eliminados gradualmente até 2035. Para os países em desenvolvimento, a parcela da geração de gás fóssil deverá cair para menos de 10% até 2035, e ser eliminada gradualmente até o início da década de 2040.
 

Os países em desenvolvimento precisarão ainda de apoio financeiro e técnico dos países desenvolvidos para promover a transição de seus sistemas de energia em ritmo acelerado, afirma o texto.
 

O relatório usou como base de cálculo os caminhos de emissões avaliados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que são projetados para mostrar a maneira mais econômica de limitar o aquecimento a 1,5°C.

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