Great Resignation: como evitar demissões voluntárias nas empresas?

Por Jordano Rischter

As relações de trabalho vêm sendo intensamente ressignificadas. Muito mais do que salários atrativos e um plano de carreira bem desenhado, fatores como o match entre o propósito da empresa e o perfil dos candidatos se tornaram pontos decisivos para a retenção de talentos nas companhias. Infelizmente, este vem sendo um cenário difícil de ser encontrado em diversos negócios – desencadeando índices preocupantes de demissões voluntárias que, se não forem revertidas com urgência, podem trazer danos drásticos para o mercado.

Existem diversos fatores responsáveis por elevar o great resignation, como ficou conhecido este fenômeno de demissões por parte dos profissionais. Em uma análise global, além desta falta de identificação com os valores e propósitos da empresa, a insegurança dos trabalhadores frente a momentos de crise como a pandemia, o excesso de pressão rotineiramente ou em determinados projetos, e o descuido com o reconhecimento de suas contribuições, sempre se destacaram dentre os motivos mais frequentes para os desligamentos.

Contudo, ao longo da pandemia, novos critérios emergiram dentre as justificativas compartilhadas. Dentre eles, o retorno ao trabalho presencial foi um dos mais polêmicos, visto que os benefícios proporcionados pelo home office atraíram cada vez mais adeptos para a procura de oportunidades que ofereçam essa modalidade. De maneira relacionada, a busca por uma maior qualidade de vida também se mostrou mandatória, em vagas que possibilitem uma verdadeira conciliação entre o trabalho e a vida pessoal para maior tempo de lazer e entretenimento com amigos e familiares.

Em âmbito financeiro, a extrema preocupação causada diante dos altos números de desempregos, principalmente na pandemia, fez com que grande parte dos profissionais optassem por permanecer em seus empregos – mesmo sem estarem satisfeitos – como segurança de terem uma renda em meio à crise. Porém, com o início da volta a normalidade, muitos já começaram a procurar por melhores oportunidades que se encaixem em seus perfis.

Estamos presenciando um cenário alarmante. Segundo dados divulgados pelo Caged, o Brasil bateu o recorde de demissões voluntárias em agosto deste ano, representando 37,5% do total de desligamentos registrados ao longo do mês. Diante de um fenômeno visto internacionalmente, reverter esta “grande renúncia” deve ser uma das maiores prioridades das companhias de todos os portes e segmentos, por meio de estratégias que alinhem os valores organizacionais aos dos candidatos e, assim, os mantenham felizes em seus ambientes de trabalho.

Após tantas mudanças sentidas ao longo do isolamento social, uma das ações mais importantes para este objetivo é viabilizar vagas que possam ser desempenhadas à distância – afinal, esta se tornou uma modalidade de trabalho com imensa aceitação global. Em um estudo realizado pela Frameable, comprovadamente, cerca de 73% dos profissionais são mais satisfeitos trabalhando em home office, junto com 81% que se sentem mais produtivos trabalhando à distância.

Muito além de permitir que realizem suas funções de qualquer lugar, esta liberdade geográfica também contribui para o balando entre o trabalho e a vida pessoal. Afinal, a dispensa de se locomoverem até a sede da empresa permite um maior tempo em casa, menos estresse com trânsito e melhor aproveitamento de suas tarefas. Por fim, a missão e propósito do negócio precisam ser repensadas, de modo que tragam uma significância social e ambiental defendidas, especialmente, pela nova geração de profissionais.

As prioridades de retenção mudaram nitidamente. No lugar de remunerações elevadas, a flexibilidade, autonomia e liberdade conquistaram o pódio de critérios dos profissionais. Independente da área de atuação, não há como escapar desta realidade do mercado. Por isso, é dever das empresas se adaptarem a essas demandas e oferecer aquilo que estão valorizando. Em um mercado dinâmico, aquelas que se mantiverem atentas a tais transformações, certamente conseguirão impedir o avanço destas demissões voluntárias e reter seus talentos para um crescimento próspero.

Jordano Rischter é sócio da Wide, consultoria boutique de recrutamento e seleção.

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