Mudança climática agravou inundação que matou mais de 400 na África do Sul em abril, diz estudo

A mudança climática tornou mais severas as inundações mortais na província sul-africana de KwaZulu-Natal (KZN), de acordo com um estudo rápido de atribuição realizado pela World Weather Attribution (WWA). A probabilidade de tal evento acontecer quase dobrou devido à mudança climática induzida pelo homem. 

Em meados de abril, a província KZN, onde está a cidade portuária de Durban, sofreu inundações catastróficas. Ao menos 435 pessoas morreram em decorrência de inundações e deslizamentos, e mais de 40.000 pessoas foram desalojadas. A infraestrutura portuária foi danificada severamente, e as exportações foram impactadas, com prejuízos estimados na casa de bilhões. 

Em coletiva realizada na sexta-feira (13), os autores do estudo lembraram que em 2019 KZN viveu inundações mortais. E em 2018, outra região sul-africana, a Cidade do Cabo e arredores, viveu uma seca que foi três vezes mais provável devido à mudança climática, de acordo com um estudo anterior do projeto World Weather Attribution (WWA). 

A África do Sul e seus países vizinhos são particularmente vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas, de acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). Apesar da vulnerabilidade, o governo sul-africano planeja desenvolver do zero uma nova indústria de gás, e há planos para acrescentar mais usinas elétricas a carvão. Devido a sua forte dependência da energia a carvão, o país já é a 12ª maior fonte de gases de efeito estufa do mundo, deacordo com a Bloomberg

Além dos riscos climáticos, os projetos de energia fóssil continuam sendo impulsionados pela política sul-africana, apesar de o custo de transição para energia renovável ser de apenas US$8,5 bilhões, muito abaixo dos investimentos necessários para alavancar uma nova indústria de gás. O pacote de transição seria bancado pelos Estados Unidos, União Europeia, Reino Unido, Alemanha e França, conforme entendimento obtido há seis meses, na COP26. 

“A África, em particular, é um hotspot da mudança climática”, diz o professor Tafadzwanashe Mabhaudi, especialista em mudança climática da Universidade de KwaZulu-Natal. “Sua vulnerabilidade é exacerbada por fatores como o baixo desenvolvimento socioeconômico, degradação ambiental e legados coloniais de desigualdade e marginalização.” 

“É urgente que as cidades africanas ajam agora para se adaptarem aos riscos da mudança climática, inclusive por meio da boa governança, apoio financeiro adequado para a adaptação e adoção de abordagens baseadas em recuperação de ecossistemas”, firma Christopher Trisos, membro do IPCC e pesquisador sênior da Iniciativa Africana sobre Clima e Desenvolvimento da Universidade de Cidade do Cabo. 

Para o professor Francois Engelbrecht, da Universidade de Witwatersrand, a África do Sul precisa responder a essa vulnerabilidade de duas formas: “No curto prazo, o país precisa aprender como evacuar dezenas de milhares de pessoas no caminho do evento extremo em um período de um a três dias, para dar-lhes alojamento seguro mesmo que apenas temporariamente, fazendo uso de sistemas de alerta precoce”, afirma. 

“Já no longo prazo, as comunidades vulneráveis precisam ser assistidas para encontrar terrenos mais seguros para viver, e precisam ser dotadas de moradia adequada para reduzir sua vulnerabilidade a eventos climáticos extremos”, conclui.

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