Cerca de 1.200 habitantes da ilha Carti Sugtupu estão sendo transferidos para o Panamá continental.

Em resposta às ameaças de elevação do nível do mar decorrentes das mudanças climáticas, 1.200 moradores indígenas da ilha de Carti Sugtupu, no Panamá, estão sendo realocados para o continente. Esta comunidade é a primeira no país a ser deslocada por motivos climáticos. Desde segunda-feira, os residentes começaram a transferir seus pertences para o novo assentamento, Nuevo Carti, construído pelo governo na região indígena de Guna Yala, na costa caribenha do Panamá.

Alberto Lopez, de 72 anos, prepara o café da manhã enquanto a água do mar invade sua casa na ilha de Carti Sugtupu. Lopez, assim como outros moradores, está se mudando para escapar das constantes inundações causadas pela elevação do mar, uma consequência direta do aquecimento global.

Novo Lar, Novos Desafios

As novas casas em Nuevo Carti são uma melhoria significativa, oferecendo dois quartos, sala de estar e jantar, cozinha, banheiro e lavanderia, todas com água potável e eletricidade. Cada residência possui cerca de 41 metros quadrados em lotes de 300 metros quadrados, com espaços culturais comuns e instalações para pessoas com deficiência.

Apesar das melhores condições, muitos moradores, incluindo Lopez, têm sentimentos contraditórios sobre a mudança. “Estamos tristes porque se esta ilha desaparecer, uma parte do nosso coração, da nossa cultura, desaparecerá com ela”, disse Lopez. Ele relembra a infância pescando na ilha e trabalhando nos campos do continente. Lopez voltou para Carti Sugtupu após 30 anos na Cidade do Panamá, para cuidar da casa que herdou da família.

A ilha, com o tamanho de cinco campos de futebol, sofre de superlotação e falta de serviços básicos. As casas frequentemente enfrentam inundações e a expectativa do governo é que até 2050, Carti Sugtupu estará completamente submersa, assim como outras ilhas do arquipélago.

Adaptação ao Novo Ambiente

A adaptação a Nuevo Carti representa um “brutal mudança”, segundo Lopez. No primeiro dia de transferência, a polícia ajudou os moradores a transportar móveis, roupas e outros pertences para as novas casas. Idelicia Avila, de 42 anos, expressou tristeza ao deixar sua casa na ilha, mas reconheceu a necessidade de mudança devido à falta de espaço.

O projeto de realocação, custando $12,2 milhões, foi financiado pelo governo panamenho, que também está considerando a transferência de outras comunidades ameaçadas. Lopez, agora em sua nova casa número 256, planeja cultivar abóboras, mandioca, abacaxis e bananas para vender, já pensando em possíveis expansões na nova residência.

“Claro, todos estão felizes, mas é uma mudança brutal”, comentou Lopez ao mostrar seu novo banheiro, equipado com todas as comodidades básicas que faltavam na ilha.

Impacto das Mudanças Climáticas

As ilhas do Panamá, situadas entre 50 centímetros e um metro acima do nível do mar, estão especialmente vulneráveis ao aumento do nível do mar causado pelo derretimento das geleiras e das camadas de gelo. O presidente Laurentino Cortizo afirmou recentemente que o governo está estudando quais outras comunidades podem precisar ser relocadas em seguida.

A realocação de Carti Sugtupu destaca a urgente necessidade de ação climática para proteger comunidades vulneráveis ao redor do mundo.

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