Mudança de comportamento e sua consequência em logística reversa de resíduos sólidos

Por que agora mais do que nunca se torna urgente nos organizarmos e nos conscientizarmos para juntos lidarmos com os Resíduos Sólidos Urbanos e principalmente com os Resíduos Eletrônicos?

Questão 1: Saneamento. Hoje temos um problema massivo nas mãos: 50% da População Brasileira não tem acesso a água potável e 40% não tem acesso a Saneamento de qualidade. Agora, o que tem a ver saneamento básico com resíduos sólidos urbanos? Basta olharmos nas bocas de lobo e o que acontece nas enchentes…. bocas de lobo entupidas por resíduos sólidos (principalmente plásticos) indo para justamente onde menos eles deveriam…. nas ruas e bocas de lobo.

Para resolução do problema do Saneamento onde estamos extremamente atrasados em implementar ações que futuramente vão melhorar abastecimento de água, evitar doenças que já estão erradicadas em vários países (Dengue é uma delas) temos um Marco Regulatório em votação no congresso. Não entrarei em detalhes neste tema e nem porque existem forças querendo postergar essa votação. Isso demanda um artigo completo somente para este tema.

Voltando aos resíduos sólidos urbanos:

Questão 2: Educação da sociedade: Para que possamos organizar verdadeiramente a logística reversa de resíduos sólidos, o primeiro passo começa em casa, como estamos discutindo isso em Grupos como a Agenda Urbana Brasil, com especialistas Mestrados e Doutorados na área:

  • Simplesmente com segregação de resíduos: 
    • Resíduos molhados (basicamente orgânicos) de um lado, resíduos secos (Plásticos, Metais, Vidros, Madeira) de outro – se pudessem separar cada tipo seria ainda melhor – e Eletroeletrônicos sendo separados e entregues aos coletores que cada vez mais estarão à disposição nas cidades para transportar e dar a destinação correta (Detalhe: Produtos de um Lado e, quando possível Baterias e pilhas separadas de outro – os coletores tem aberturas próprias em separado), conforme previsto no Decreto Lei 10.240/2020.

A segregação garante que as Cooperativas e empresas recicladoras que serão os próprios a manusear estes resíduos 1- recebam os resíduos certos de acordo com sua capacidade e 2- se organizem para fazer um trabalho mais focado e eficaz no tratamento destes resíduos.

Já existe um trabalho iniciado em escolas para educar as crianças, mas ainda é muito incompleto. Precisamos acelerar a educação e todos os membros da cadeia de Logística Reversa devem dar seu grau de contribuição para tal educação. Resíduos são material de valor agregado baixo. Para que seja Economicamente Sustentável, todas as etapas devem ser extremamente enxutas para gerar divisas e tornar o negócio interessante aos futuros investidores.

Questão 3: Capacitação de toda a Cadeia de Logística Reversa: Como afirmei acima, temos vários tipos de resíduos sólidos, sendo que cada um deve seguir para o seu reciclador especializado ao final do processo. Plásticos seguem para Recicladores de Plásticos, metais para siderúrgicas, etc. O mais complexo é o aparelho eletrônico, que nada mais é do que uma mistura de vários tipos de Resíduos Sólidos (madeira, plástico, metal, baterias, borracha, sendo que as placas de circuito impresso são ainda mais complexas). Com isso o resíduo eletrônico em si passa por diversas etapas (começando por desmontagem dos aparelhos e acabando com a fundição – Geração de matéria prima para voltar a indústria).

Com isso, fica óbvia a necessidade de treinamento, capacitação, adequação dos galpões aonde os processos deverão acontecer de forma limpa sem possibilidade de gerar mais resíduos e também segura, com todos os operadores usando EPI ‘s apropriadas para manusear materiais muitas vezes perigosos que afetam sua saúde.

Hoje em dia, para ficarmos no exemplo somente de empresas capacitadas para manusear e controlar resíduos eletrônicos, não existem mais de 15 empresas no Brasil com tal capacidade e com as Certificações exigidas pela Industria, a saber: ISO 9001:2015, ISO 14001:2015, ISO 45001:2019 e R2:2013 – esta última a certificação Americana, sendo cada vez mais exigida e somente com 7 empresas certificadas no Brasil.

Conclusão: O Brasil tem as soluções locais para 90% de tratamento de resíduos, temos (em quantidade insuficiente) mão de obra capacitada e especialistas em todas as áreas ambientais. Mais do que nunca precisamos tirar as ideias da prancheta de desenhos e AGIR…. a Pandemia que estamos enfrentando deu o recado – não há mais tempo para observar: que sejamos vetores de ação e não somente de um vírus.