No Reino Unido, taxação poderia corresponder a um terço da redução de emissões residuais de carbono necessária para atingir meta climática

Segundo um recente estudo publicado na revista científica Nature, a taxação de alimentos como carnes e laticínios, de acordo com sua emissão de carbono, poderia representar um terço das reduções de gases de efeito estufa residuais necessárias para o Reino Unido atingir suas metas de zero emissões até 2050.

Emissões residuais são aquelas lançadas à atmosfera depois que todos os esforços e políticas públicas já tiverem sido implementadas para reduzir as emissões gerais. Para chegar a essa conclusão, pesquisadores de diferentes universidades britânicas — Universidade de Exeter, Universidade de Reading e a London School of Hygiene & Tropical Medicine — levantaram dados de 5,912 participantes.

“Principalmente em países onde se consome muita carne, como o Brasil, políticas públicas que abordam os impactos dos produtos de origem animal são urgentes”, diz Fernanda Vieira, diretora de Políticas Alimentares da Sinergia Animal, uma organização internacional de proteção animal que promove escolhas alimentares mais saudáveis e sustentáveis na América Latina e no Sudeste Asiático.

“Os guias alimentares de alguns países já destacam a importância da adoção de dietas que não dependem tanto de produtos de origem animal”, prossegue. “Entretanto, não podemos apenas aplicar impostos e elevar os preços de alimentos ainda mais em um país que precisa enfrentar a fome agravada pela atual crise econômica. É preciso também tornar outros alimentos saudáveis amplamente acessíveis. Políticas de subsídio à produção e à distribuição de vegetais, frutas, grãos e sementes orgânicos em pequena escala é uma questão urgente”.

A busca por um futuro sustentável

Sozinha, estima-se que a produção de alimentos representa mais de 30% de todas as emissões de gases de efeito estufa no mundo, e os produtos de origem animal são responsáveis por 57% desse total. “Para que a demanda de alimentos com alta pegada de carbono seja reduzida e, assim, as metas climáticas para 2050 sejam alcançadas, precisamos investir em uma profunda transição a um sistema de alimentação mais sustentável e que explore menos animais”, explica Vieira.

De acordo com outro estudo recente, publicado pela Universidade de Bonn, na Alemanha, para que sejam alcançadas as metas climáticas e a segurança alimentar garantida, o consumo de carne deve ser reduzido em ao menos 75% em alguns países.

Um dieta planetária saudável

Segundo um relatório publicado pela Comissão EAT-Lancet, um sistema alimentar global consistente com ambas metas climáticas e nutricionais seria em sua maior parte composto por alimentos vegetais. A Comissão, que reúne diversos dos maiores especialistas mundiais no assunto, aponta que, enquanto o consumo de alimentos como a carne vermelha e o açúcar deve ser reduzido em mais de 50%, o consumo de frutas, nozes, legumes e verduras deve dobrar.

“Este é um momento crítico para o nosso futuro e é fundamental que as autoridades globais ajam com responsabilidade. Mas também precisamos fazer a nossa parte. No Brasil, a comunidade da Sinergia Animal está empenhada na promoção de escolhas alimentares mais éticas e sustentáveis”, explica Vieira.

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