O papel do S no ESG

De tempos em tempos, o mercado se depara com novas siglas que podem ou não cair no ostracismo. Algumas têm relevância suficiente para se manterem firmes até que se tornem uma prática fundamental dentro das organizações. 

A sigla da vez é o ESG – que vem do inglês Environmental, Social and Corporate Governance (Governança Ambiental, Social e Corporativa) e parece que ela veio para ficar. Principalmente porque um de seus pilares – a letra S – é a grande responsável por humanizar a empresa e lembrar que o papel de qualquer companhia não se resume a simplesmente gerar lucro, mas sim de responsabilidade para com a sociedade.

De forma geral, a letra S do ESG trouxe para as empresas a conscientização de que a sociedade como um todo não é algo distante dos negócios de uma empresa. Afinal, o maior ativo de qualquer companhia são seus colaboradores, que por sua vez têm famílias, e estas compõem uma sociedade. Ou seja, uma coisa não se dissocia da outra.

Pela falta de conhecimento, muitas vezes acredita-se que existe uma complexidade para colocar o S em prática. Há companhias que se limitam a fazer o que exige a legislação trabalhista, e perdem oportunidades de irem além criando um ecossistema muito mais sustentável e justo em torno de si mesmas. Entretanto, passar dessa medida não é nenhum favor, muito pelo contrário.

Felizmente, a onda ESG chegou com força e há muitas iniciativas interessantes para comentar. Vemos a letra S vinculada a diversas ações voluntárias, criadas com olhar de diversidade e inclusão, por exemplo. Além de contribuir para um ambiente de trabalho mais rico e criativo, elas também garantem que o ambiente de trabalho seja um reflexo da sociedade plural da qual fazemos parte.

Há ainda ações relacionadas a saúde mental dos colaboradores que merecem ser lembradas. Este é um tema muito sensível e que, por isso, muitas empresas preferem ignorar. Porém, pequenas ações da empresa podem ter um grande reflexo na vida dos colaboradores, elevando sua qualidade de vida e sua satisfação – o que traz benefícios significativos para qualquer negócio. Ouvidorias, comitês, campanhas, palestras, psicólogos à disposição: quanto mais as empresas aculturarem os seus colaboradores, mais acolhidos e felizes eles se sentirão. 

Outro ponto importante é que os consumidores (sejam eles B2C ou B2B), estão cada vez mais responsáveis e querem consumir de empresas que assumam compromissos de transformação social. Da mesma forma, quando analisamos a ponta do investidor, hoje já existem fundos exclusivos para empresas que adotem a agenda ESG. Portanto, a importância do S para as empresas está totalmente relacionado a sua reputação.

Quando a companhia adota boas práticas sociais, ela cria uma identificação com o público, colaboradores, empresas parceiras e investidores. O reflexo disso se dá no alcance de mais pessoas e empresas interessadas em consumir sua marca.

Resumindo, a letra S deveria constar no checklist das empresas como o básico para um ambiente de trabalho saudável, sobretudo porque são ações de fácil implementação e que geram muito valor para todos os envolvidos. 

As empresas que encontram uma forma de incorporar a letra S em seus negócios, conseguem beneficiar não apenas a si mesmas, mas o país como um todo. A partir do momento que o S é visto como algo vital para o sucesso, as ações ocorrem de forma fluida e o reflexo disso é observado no colaborador, na comunidade e na empresa convivendo em equilíbrio. 

No meu ponto de vista, as empresas também podem ser instrumentos de transformação social. Mas para isso, é preciso reconhecer que a letra S deve ser escrita no planejamento em letra maiúscula.

*Carolina Cabral é CEO da Nimbi.

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