O que o caos do Coronavírus nos mostra sobre os desafios que ainda enfrentaremos na transição para a Economia Circular por Caroline Gennaro

O mundo entrou em alerta com o novo vírus e governos foram desafiados a conter o mais rápido possível. No dia 13 de março de 2020, o Órgão Mundial da Saúde – OMS elevou para pandemia, o que significa que a doença atingiu grande número de pessoas espalhadas pelo mundo.

Mais de 40 países fecharam fronteiras para conter o avanço do vírus. No Brasil, cinemas, teatros e museus são fechados.

Porém o número de pessoas que ainda estão em praias, parques, barzinhos, academias e acreditam que tudo não passa de um exagero é enorme.

Não pude deixar de analisar o cenário dessa teimosia da população em não se manter em casa, em criticar as recomendações para que as crianças deixem as escolas, com os desafios enfrentados pela Economia Circular.

O egoísmo em dizer que não faz parte do grupo de risco podemos comparar às pessoas que acham que o excesso de plástico em mares não vai afetar sua vida.

Pessoas que continuam indo a academia, bares, restaurantes estão esperando os estabelecimentos fecharem, quando na verdade deveria ser consciência e decisão de cada um deixar de frequentar lugares aglomerados, podemos comparar
às pessoas que esperam do governo e de grandes empresas mudanças no modelo de produção para assim mudarem seus estilos de consumo.

Por último, o número de pessoas que acham exagero as recomendações de amigos para os cuidados para se evitar o contágio do coronavírus é similar a quantidade de pessoas que acham exagero as recomendações de se mudar o modelo de produção e consumo.

Questionamentos?

Se um evento como uma pandemia, registrada por um órgão mundial, divulgada por todas as mídias, que paralisou eventos esportivos, fecharam parques como a Disney, cancelaram voos, feiras…está sendo árduo convencer a população dos riscos, quanto será o trabalho em convencer a população que o modo de produção e consumo atual é um risco para a sociedade?

Se a população está sendo egoísta em não ficar em casa, por pensar que não faz parte do grupo de risco, quão egoísta ela ainda será em recusar uma sacolinha desnecessária?

Se empresas ainda estão fingindo que nada está acontecendo e exigindo que seus funcionários venham trabalhar, usando transporte coletivo, comendo em restaurantes coletivos e não oferecendo a possibilidade de trabalhar em casa, correndo risco de contágio em grande escala, quanto tempo irá demorar para que empresas iniciem seu design circular e deixem de produzir de maneira linear, descartando e extraindo sem necessidade?

Enfim, me lembrei da pirâmide de Maslow, onde o mais importante são as questões fisiológicas como sono, repouso, alimentação que estão diretamente ligadas a saúde. E então meu último questionamento é: Se não estão preocupados com a saúde sua e dos outros, como estarão preocupados com coisas em segundo plano como a Economia Circular?

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Figura: Pirâmide de Maslow

O que podemos fazer?

Medidas para o Coronavírus são as mesmas para impulsionar a Economia Circular:

CONSCIENTIZAÇÃO: Se você está lendo esse artigo, as chances de ser uma pessoa consciente são grandes, portanto, espalhe a conscientização tanto do coronavírus, que é um caso de emergência atualmente, quanto da Economia Circular.

INFORMAÇÃO: Temos plantões de informações sendo divulgados constantemente, procure fontes confiáveis, prefira de órgãos de saúde, compartilhe apenas o que você tem certeza de ser real.

DÊ O EXEMPLO: Evite sair de casa, use as orientações dos órgãos de saúde em relação a cuidados com a higiene pessoal, cancele eventos, e deixe de ir aos que foi convidado. Da mesma maneira para a Economia Circular, faça sua parte, seja consumidor consciente.

Essa comparação é uma triste realidade, mas que nos dois cenários podem ser mudadas a qualquer momento e assim espero! Tanto o combate ao coronavírus quanto a transição para a Economia Circular são fatores que prolongaram o nosso tempo de vida na terra.

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Caroline K. Gennaro é Doutoranda em Engenharia de Produção pela Universidade Metodista de Piracicaba e atua a 6 anos estudando o comportamento humano nas indústrias brasileiras, onde desde 2016 desenvolve estratégias inteligentes para a Economia Circular por meio de consultoria, treinamento e orientação.