Pássaros Frugívoros Impulsionam a Recuperação de Carbono em Florestas Tropicais, Revela Estudo

O araçari-de-coleira (Pteroglossus torquatus) está entre as poucas aves que conseguem dispersar plantas com sementes grandes e desempenha um papel fundamental na dispersão em florestas da América Central e do Sul. É especialmente importante para as florestas jovens que crescem em terras abandonadas, pois trazem sementes de muitas espécies diferentes que ajudarão a floresta a regenerar uma comunidade arbórea diversificada. Crédito: ETH Zurique / Christian Ziegler

Pesquisadores da ETH Zurique, através do Laboratório Crowther, divulgaram um estudo revelador sobre a importância dos pássaros frugívoros na regeneração das florestas tropicais. Segundo a pesquisa, publicada na revista Nature Climate Change, aves como a trepadeira-de-pernas-vermelhas e o tucano Toco são cruciais para o aumento do armazenamento de carbono em até 38% nas florestas em regeneração. O estudo, focado na Mata Atlântica do Brasil, mostra que paisagens com menor fragmentação permitem um movimento mais livre dessas aves, facilitando a dispersão de sementes e, consequentemente, a recuperação ecológica.

Os cientistas constataram que entre 70% a 90% das espécies de árvores tropicais dependem dos animais para a dispersão de suas sementes, sendo os pássaros componentes essenciais nesse processo. Além disso, o estudo destaca a necessidade de manter pelo menos 40% de cobertura florestal na região, com distâncias de no máximo 133 metros entre as áreas florestais para garantir a eficácia da dispersão de sementes pelos pássaros.

O estudo também observou diferenças significativas no impacto de diferentes espécies de aves na dispersão de sementes, apontando que aves maiores tendem a dispersar sementes de árvores com maior capacidade de armazenamento de carbono, embora sejam menos propensas a atravessar paisagens altamente fragmentadas.

“A contribuição das aves para a regeneração das florestas é mais crítica do que se imaginava”, afirmou Carolina Bello, pesquisadora de pós-doutorado e principal autora do estudo. Ela reforça a importância de estratégias que minimizem a fragmentação florestal e promovam a livre movimentação dessas aves. Em um cenário ideal, essas medidas poderiam restaurar mais de 2,3 bilhões de toneladas métricas de carbono apenas na Mata Atlântica, com um custo até 77% menor que o do plantio ativo de árvores.

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Redação
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