Plástico contribui para dependência de combustíveis fósseis da Europa, diz relatório

A União Europeia enfrenta uma iminente escassez de gás, e os países do bloco estão buscando formas de aliviar o peso das reduções para os consumidores, enquanto negociam acordos para garantir o fornecimento de novos combustíveis fósseis. Ao mesmo tempo, os formuladores de políticas estão deixando o setor de plásticos e petroquímicos — o maior impulsionador do aumento da demanda global de petróleo e gás — intocado.

Um novo relatório do movimento Liberte-se do Plástico (Break Free From Plastic) e do Centro para Lei Ambiental Internacional (CIEL) analisa o mercado europeu de plásticos e petroquímicos e argumenta que a UE pode aumentar sua segurança energética fazendo cortes nestas indústrias intensivas em energia. Quase 40% do gás usado na Europa e mais de 20% do petróleo vêm da Rússia.

“Os plásticos e petroquímicos são os maiores usuários industriais de petróleo, gás e de eletricidade na UE, com quase 40% dessa energia indo apenas para a produção de embalagens plásticas. Não incluir este setor no plano “Economize Gás para um Inverno mais Seguro” é uma negligência séria”, disse Delphine Lévi Alvarès, coordenadora europeia do movimento Liberte-se do Plástico.

“Enquanto as famílias e as pequenas empresas enfrentam contas de energia que disparam, a indústria petroquímica está desperdiçando recursos escassos para produzir plástico de uso único desnecessário, alimentando a crise energética da UE”, continua Alvarès.

As principais conclusões do relatório incluem:

A produção de plástico foi responsável por quase 9% e 8% do consumo final de gás e petróleo fóssil da UE em 2020. Isto é tanto quanto o consumo final de gás na Holanda e quase tanto quanto o consumo final de petróleo da Itália em 2020.

Quase 15% do gás final e 14% do consumo final de petróleo em 2020 nos 27 países do bloco foram utilizados para a fabricação de petroquímicos.

A produção de plástico é o processo mais intensivo de energia e de matéria-prima da indústria petroquímica. Somente as embalagens plásticas representam 40% do mercado final de produtos plásticos na UE, aproximadamente o mesmo que o gás de uso final da Hungria e o consumo combinado de petróleo da Suécia e Dinamarca em 2020.

Na UE em 2020, 38% do gás e 22% do petróleo vieram da Rússia, tornando a indústria petroquímica intensiva em energia significativamente dependente dos combustíveis fósseis russos.

A Bélgica, Alemanha, Espanha, França, Itália, Holanda e Polônia são os maiores países consumidores de petróleo e gás da UE para a produção de plásticos. Eles também são responsáveis por 77% de todos os resíduos de embalagens plásticas na UE. Estes países devem tomar a liderança na implementação de medidas para reduzir drasticamente a produção e o consumo de plástico.

De acordo com o relatório, como a indústria de plásticos planeja duplicar sua produção baseada em gás e petróleo nos próximos 20 anos, o relatório conclui que este crescimento é incompatível com o cumprimento das metas climáticas da UE, incluindo as estabelecidas no Acordo Verde, metas climáticas obrigatórias para manter o aquecimento global abaixo de 1,5°C, e esforços para combater a poluição por plásticos.

“Esperar uma ação individual do consumidor é uma resposta inadequada e desproporcional à escala e intensidade da crise em questão”, disse Lili Fuhr, diretora adjunta do Programa Clima e Energia da CIEL. “Os líderes da UE devem parar sua caça neocolonialista por novas fontes de combustíveis fósseis e enfrentar o problema de frente, reduzindo imediatamente a produção de plástico, começando com embalagens plásticas de uso único desnecessárias para economizar gás”.

O relatório detalha recomendações políticas concretas para que a UE reduza o uso de combustíveis fósseis para a produção petroquímica e de plástico com políticas ambiciosas de prevenção e reutilização. Estas incluem ações e esforços regionais para aumentar a ambição com vistas às próximas negociações sobre um tratado global de plástico juridicamente vinculativo.

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