Aumento nos preços agrícolas têm a maior sequência de altas em 30 anos

Os preços agrícolas tiveram seu crescimento desde o início da década de 1990, com a seca e a guerra elevando a inflação global de alimentos. Ou seja, são mais de 30 anos que culminou nessa alta do setor, e a cada ano aumenta devido a diversos fatores específicos.

O Índice de Preços Agrícolas Bloomberg – uma referência que acompanha nove das safras mais negociadas do mundo – subiu cerca de 6,5% em 2022. Com isso, várias empresas do setor agrícola tiveram que realizar auditoria contábil para melhor estruturar esse processo.

Entre as principais consequências de custos foi o aumento de:

  • Custo do pão;
  • Custo de insumos agrícolas;
  • Ração animal;
  • Biocombustíveis.

Com isso, aumentado também o quadro de fome e agravando a crise global do custo de vida.

Logo, o indicador atingiu recordes no início do ano, quando a invasão russa na Ucrânia interrompeu o fornecimento de milho, trigo e óleo de cozinha em uma região considerada o celeiro da Europa.

Diante desse cenário, os implementos agrícolas e altos custos de energia e fertilizantes prejudicaram os agricultores.

O Conselho Internacional de Grãos estima que os estoques globais de grãos caíram pelo sexto ano-safra consecutivo. Os preços dos alimentos aumentaram em 2022 e a incerteza é alta em 2023.

Vamos abordar mais detalhes sobre essa alta de preços no setor agrícola e como cada tipo de produção subiu de preços nos últimos 30 anos, afetando uma empresa de alimentação coletiva e diversos outros mercados alimentícios. Boa leitura!

Qual é o principal motivo?

O principal motivo dessa alta de preços no setor agrícola e em diversos outros setores é a guerra que ainda não cessou. Isso porque o índice atingiu um recorde quando a invasão na Ucrânia restringiu o fornecimento de milho, trigo e óleo de cozinha.

Com isso, as secas e ondas de frio em outras regiões produtoras ameaçaram o abastecimento. Logo, os altos custos de energia e fertilizantes também prejudicam os agricultores.

Agora, com a reabertura da China, os preços devem ser ainda mais altos. Isso porque a expectativa é de aumento da demanda nos principais países consumidores de produtos agrícolas, reduzindo os estoques mundiais de alimentos.

Os cenários são altamente incertos para 2023. Segundo especialistas, os operadores de serviços de alimentação precisam assumir que os custos devem permanecer altos.

Então, a contabilidade em São Paulo e em diversos estados do Brasil sofreram as consequências em relação à alta de preços nos insumos básicos alimentícios.

Custo de produção por safra

Vamos agora conferir a média de subida de preços em cada tipo de produção agrícola, que culminou no aumento geral ao longo do ano.

Soja

Na média de todos os tipos de produção, o custo operacional efetivo (COE) da soja safra foi cerca de 17% superior. O maior aumento foi o nos preços de fertilizantes químicos, que subiram 14,8% e 16,9%, respectivamente.

Com isso, até mesmo a empilhadeira à venda aumentou, como consequência da subida de preços do setor em geral. No entanto, o rendimento médio da safra de soja também foi maior em relação aos anos anteriores, o que culminou o aumento atual, que foi a guerra.

Ou seja, o preço médio de venda do grão aumentou 46,9% em relação ao levantamento do ano anterior, e as expectativas para ao longo do ano de 2023 também são altas.

Milho

A principal despesa da safra do milho é com o controle de pragas, que de fato teve um aumento de 25,7% em relação à safra anterior. Este aumento deve-se em parte aos ataques de cigarrinhas, que afetam a produtividade na zona sul do país.

Por exemplo, os municípios de Campos Novos e Xanxerê, no estado de Santa Catarina, têm produtividade alta em todos os anos. E mesmo com o aumento, a produção não para e não há problemas com gerenciamento ou superprodução.

No entanto, como os produtos para o controle de pragas também subiram, uma consultoria empresarial contábil torna-se necessária para as empresas produtoras de milho.

Feijão

As leguminosas de primeira safra de Santa Catarina e Paraná tiveram aumento de 7% no custo operacional efetivo em relação à média apurada na safra anterior.

Os fertilizantes também nessa produção representaram a maior parte dos ganhos, com alta de 17,8% de uma safra para a outra.

A produtividade caiu 20,6% devido a problemas causados ​​principalmente pelo clima. No entanto, o preço médio de venda foi 38,7% superior ao da safra anterior, garantindo uma margem bruta positiva, quase em linha com a safra anterior.

Ou seja, os projetos ambientais de produção de leguminosas foram bem estruturados para que os problemas durante a produção da sagra não sofressem impactos econômicos negativos (ou não muito negativos).

Arroz e trigo 

Tanto o arroz como o trigo possuem processos de produção de safras semelhantes, por isso colocamos juntos nessa lista.

E em relação a produção de ambos, principalmente no sul do país, elas tiveram aumentos consideráveis ​​de produtividade. O aumento foi 5% superior ao do ano anterior.

Ou seja, os preços do trigo subiram 19% no Paraná. Os COEs (custos operacionais efetivos) também aumentaram para ambas as culturas, com um aumento de 34% para o arroz e um aumento de 23,7% para o trigo.

No entanto, preços médios de venda mais altos garantem boas margens para ambas as safras, o que acarreta maiores riscos ao plantio.

A safra abundante do ano passado (2022) forneceu suporte adicional aos produtores e compensou algumas das perdas das safras anteriores.

Café

Quem não ama um cafezinho? Infelizmente ele também teve um dos maiores aumentos nos últimos 2 anos que passaram (2021/2022).

Equipes de levantamento de custos do café realizadas nos estados do Espírito Santo, Minas Gerais, Bahia, Rondônia, Paraná e São Paulo relataram que o custo do café aumentou 15%, bem como um aumento de 31,3% em relação a 2020.

Os fertilizantes foram o item de maior impacto na renda do produtor local, com média de 20,8% para o Arábica e 34,2% para o Coryne entre as regiões, segundo dados de pesquisas de preços de cafés.

A receita do café arábica (preço atual de venda do produto x volume de produção) aumentou 54%, e do café Conny, 35,4%.

O aumento dos preços do café é resultado da redução da oferta mundial (rendimentos bianuais negativos + produtividade em queda) e problemas logísticos no transporte da safra nos países produtores.

Os custos de fertilizantes devem aumentar ainda mais significativamente até 2023, o que pode impactar negativamente as margens dos produtores. Portanto, se você não entendia por que o café subiu tanto, esses são os motivos.

Cana-de-açúcar

Apesar do clima desfavorável e dos custos crescentes, as safras de cana têm dado resultados positivos.

Os preços vêm se recuperando ao longo do ano, com a safra do Centro-Sul se beneficiando nesses dois últimos anos, em comparação com a safra do Nordeste a partir de setembro de 2020.

Essa situação favorece resultados econômicos positivos para os produtores. No Nordeste (PE, PB e AL), os custos operacionais efetivos aumentaram 29% em relação ao levantamento realizado em 2020.

Na região Centro-Sul (GO, MT, MG, SP e PR), o aumento foi de 27%. O fertilizante é o item que mais impacta a receita dos produtores de cana-de-açúcar.

A região Nordeste cresceu 163% e a região Centro-Sul aumentou 110%. Já a construção defensiva cresceu 114% no Nordeste e 43% no Centro-Sul.

Bovinos de corte 

Dos 22 modelos de produção levantados em setembro do ano passado (2022), oito não conseguiram gerar recursos suficientes para cobrir os custos diretos de produção, além de depreciação e mão de obra, com margens líquidas negativas.

Os gastos com animais de reposição representaram em média 64,8% do COE (custo operacional efetivo) no grupo alimentação e 62,6% de animais no confinamento.

Comparado ao painel do ano passado, o COE aumentou 10,6% para o modelo de ciclo completo e 16,1% para o sistema de alimentação.

Todos esses dados foram obtidos de acordo com o cadastro ambiental rural das empresas do setor, bem como através de diversas entidades e campos de pesquisas agrícolas para fornecer um melhor balanceamento das informações.

Indústria leiteira

Segundo dados da pesquisa, os sistemas de produção de leite mais rentáveis e com fabricação superior a 10.000 litros por hectare ao ano são os sistemas com melhor desempenho financeiro.

Os modelos de produtividade moderada e baixa, que acabam operando com margens líquidas negativas, são os que mais sentirão o impacto do aumento dos custos da atividade leiteira.

Globalmente, entre janeiro e setembro de 2022, os custos operacionais efetivos aumentaram cumulativamente em 15,7%. No entanto, no mesmo período, a receita gerada com a venda de leite aumentou 15,8%.

Esse texto foi originalmente desenvolvido pela equipe do blog Guia de Investimento, onde você pode encontrar centenas de conteúdos informativos sobre diversos segmentos.

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Formado em Jornalismo e Comunicação Social. Assessor digital pela equipe Guia de Investimento. Meu compromisso é entregar conteúdos de qualidade para diversos setores, entre os principais: Tecnologia, finanças e meio ambiente.