Profissionais brasileiros buscam flexibilidade no mercado de trabalho, revela estudo

Pesquisa também aponta que a Geração Z tem 60% de formados apenas por cursos especializantes; o trabalho remoto é relevante para a maioria; a evolução hierárquica pode reduzir a motivação e o interesse por benefícios e trabalho em equipe motivam a retenção

O isolamento causado pela pandemia da Covid-19 mudou a forma de trabalhar de muitos brasileiros. A pesquisa ‘The Great Resignation’ comprova que essas alterações de rotina vieram para ficar e as prioridades dos profissionais também foram revisadas: a necessidade de flexibilidade, por exemplo, foi um resultado unânime entre os participantes da pesquisa. O levantamento foi realizado pelo Talenses Group em parceria com Paul Ferreira, professor de Estratégia e Liderança e vice-diretor do Núcleo de Estudos em Organizações e Pessoas (NEOP) na Fundação Getulio Vargas (FGV EAESP).

Entre os pontos que merecem destaque, está o dado de que a evolução hierárquica pode reduzir motivação e interesse por benefícios; o trabalho em equipe pode motivar a retenção; a geração Z conta com 60% de formados apenas por cursos especializantes; e que o trabalho remoto é relevante para a maioria que possui áreas de atuação que permitem isso.

Luiz Valente, CEO do Talenses Group alerta sobre o ‘the great resignation’, termo que intitula a pesquisa. “Essa tendência, inicialmente identificada nos Estados Unidos, já está sendo experimentada no Brasil. A ‘grande renúncia’ é um fenômeno que também serve de alerta às lideranças para identificar em que ponto as pessoas estão insatisfeitas, tanto no ambiente de trabalho quanto no modo de vida que levam, e buscar soluções para a atração e retenção”, explica.  

No comparativo com a pesquisa realizada em 2019, os resultados apontam que os motivos de atração e retenção mudaram do pré ao pós-pandemia. Para as mulheres, o top 3 de atração era: ambiente + clima organizacional, salário + bônus e perspectivas de carreira. Já para os homens, o top 3 de atração era salário + bônus, perspectivas de carreira e desafios. Em 2022 ambos apresentaram o mesmo ranking de atração, sendo: perspectivas de carreira em primeiro lugar, seguido de salário + bônus e, em terceiro, benefícios.

O top 3 de retenção para mulheres, em 2019, era: ambiente + clima organizacional, salário + bônus e desafios. Já em 2022 ficou em: se sentir reconhecida, perspectivas de carreira e salário + bônus. Para os homens 2019 apontava: salário + bônus, ambiente + clima organizacional e desafios. Em 2022 o top 3 ficou em: salário + bônus, seguido de perspectivas de carreira e, em terceiro, se sentir reconhecido.

Para Paul Ferreira, “melhorar o entendimento das preferências dos candidatos ao aceitar uma proposta de emprego e colaboradores para se manterem engajados é fundamental para uma economia próspera. Ainda mais quando, paradoxalmente, o Brasil assiste a uma taxa de desemprego bastante elevada, mesmo com resultado positivo na geração de empregos formais. Em particular, o desvelamento dessas preferências traz luz para a seguinte dinâmica entre os fatores que atraem e os que engajam: As pessoas desejam entrar em um emprego com perspectiva de crescer/se desenvolver e, ao longo da jornada, querem se manter neste emprego se forem devidamente reconhecidas pelo seu trabalho”.

Quando os participantes foram questionados se estão trabalhando no momento: 71,9% responderam que sim e 28,1% que não. Em relação à busca de emprego ou novas oportunidades, 78,5% alegaram que sim e para somente 21,5% a resposta foi negativa. Nesse quesito, foi possível concluir que a relação entre pessoas empregadas e, mesmo assim, procurando emprego pode apontar uma necessidade latente das empresas de reterem talentos.

A pesquisa também abordou quais são as três principais variáveis de engajamento de uma vaga para cada geração e os resultados foram:

  • Baby Boomers (nascidos entre 1946 e 1964): se sentir reconhecido (a) por seus serviços; cultura organizacional; se sentir desafiado (a) pela proposta oferecida;
  • Geração X (nascidos entre 1965 e 1978): salário + bônus; se sentir reconhecido (a) por seus serviços; perspectiva de crescimento na carreira;
  • Geração Y (nascidos entre 1979 e 1990): salário + bônus; perspectiva de crescimento na carreira; se sentir reconhecido (a) por seus serviços;
  • Geração Z (nascidos de 1991 até os dias de hoje): perspectiva de crescimento na carreira; se sentir reconhecido (a) por seus serviços; salário + bônus.

As pessoas desejam entrar em um emprego com perspectiva de crescer/se desenvolver e, ao longo da jornada, querem se manter nesse emprego se forem devidamente reconhecidas pelo seu trabalho.

Em relação à flexibilidade para ter equilíbrio entre vida social e trabalho, a maioria para todas as categorias estão entre “dentro” ou “acima” do esperado.

Sobre os principais valores para permanecer em um trabalho (retenção), sendo 0 um fator que não considera e 5 o mais importante para os respondentes:

Trabalho 100 remoto

Estagiários possuem uma distribuição simétrica entre presencial em relação ao remoto como motivo de retenção. Diferente de analistas que, em sua maioria, preferem o trabalho 100% remoto. Hipótese: que a área de atuação influencia esse resultado.

Flexibilidade de horarios

Quando o assunto é flexibilidade, os resultados são puxados para a nota 5 de fator “muito considerado” por todos os níveis hierárquicos.

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