Questões sociais são tema de obras de artistas da Bienal Internacional de Curitiba neste Dia das Nações Unidas

    Curitiba, PR 24/3/2015 –

    Na próxima quinta-feira, dia 24 de outubro se comemora o Dia das Nações Unidas e alguns artistas da Bienal Internacional de Curitiba expõem trabalhos relacionados ao tema.

    Os conflitos militares e o desarmamento; o trabalho escravo e infantil; a miséria na África; os desafios de preservação do meio ambiente, enfim o pleno exercício dos direitos humanos são apenas algumas das questões atuais que a Organização das Nações Unidas se propõe a lutar. Nesta Bienal, mais de 20 artistas de diversos lugares do mundo trazem à tona seu pensamento crítico e criatividade nesta discussão global.

    O argentino Carlos Trilnick utiliza um estádio de futebol vazio e um pano preto cobrindo um dos gols para propor, no vídeo intitulado “Contahomenaje 1978-2003, 2003”, um relato metafórico da corrupção e violação dos direitos humanos na Argentina durante a ditadura militar. Especializado em vídeo, fotografia e tecnologias digitais, já expôs no MOMA em Nova Iorque, na Bienal das Imagens em Movimento de Genebra, no Instituto de Arte de Chicago.

    O artista japonês Jonathan Meese apresenta foto-colagem e livros com aplicações em cerâmica que abordam a iconografia do nazismo e remetem à problemática do tempo e da matéria. Ele faz parte do Magnet River, um coletivo de artistas europeus que também expõem nesta Bienal. Sua obra está presente em museus importantes como o ARTAX em Dusseldorf e o Pompidou em Paris.

    William Kentridge é um dos principais nomes da cena artística mundial, um sul-africano que mostra quatro vídeo-animações nesta Bienal, dentre elas, “Felix in Exile”. Os vídeos inovam na técnica, com discursos que abordam conflitos sociais, pessoais e a transição da África do Sul, com sua independência e o fim do apartheid.

    A obra “Abismo” do brasileiro João Castilho é um vídeo minimalista em que imagens plásticas incertas é mostrado um bote com homens negros, quase invisíveis à noite, rumo ao desconhecido. Alude aos imigrantes africanos clandestinos que hoje buscam o sul da Europa, ou aos que partem de Cuba rumo à Flórida. Pelo seu trabalho já recebeu os prêmios Ibram de Arte Contemporânea, Projets de Création Artistique, Prêmio Marc Ferrez de Fotografia e Prêmio Conrado Wessel.

    O alemão Wolfgang Stiller expressa a sua arte a partir do sofrimento físico e mental, gerado pelos desgastes urbanos cotidianos, que provocam o esgotamento ou burn out diante das pressões do dia a dia. A instalação “Monges” representa um grupo de seres refugiados, vivendo distante dos conflitos da sociedade contemporânea. Sua obra faz parte de coleções como Museum Bochum (Alemanha) e Museum Belden na Zee (Holanda).

    O imaginário da guerra se faz presente em diversos outros trabalhos como na série “Farsa”, da artista Dora Longo Bahia, que mostra a profundidade da pesquisa pictórica sempre com implicações políticas. Os contextos de guerra em pinturas históricas são confrontados com fotografias de mesmo cunho, que circularam na mídia. As pinturas realizadas sobre lona de caminhão do exército são vandalizadas no espaço expositivo pela própria artista que é doutora em Poéticas Visuais (ECA/USP).

    Para a israelense Michal Rovner, a obra “Tracing” é um trabalho elaborado na interseção entre a imagem estática da fotografia e a imagem em movimento referindo-se com frequência ao tempo e a condição humana. Seu trabalho revela um histórico de discussão de questões políticas com exposições em Nova Iorque (Whitney Museum), Paris (Louvre) e Londres (Tate Gallery).

    Dominique Dubosc nasceu na China, mas vive e trabalha principalmente em Paris. Cineasta de documentários desde 1968, já rodou cerca de cem filmes mundo afora. Em “Territórios ocupados”, doze sequências filmadas na Cisjordânia e em Gaza, mostra cenas cotidianas dos territórios palestinos ocupados por Israel. A obra revela mais do que a longa e sangrenta disputa pelo espaço, mas também o estado permanente de viver sob ameaça.

    Na performance da australiana Jill Orr, mostra-se a crueldade da invasão americana ao Iraque através da representação da aberração humana de Goya. “The sleep of reason produces monsters” retrata os acontecimentos mundiais dos últimos tempos com esculturas criadas a partir de uma tonelada de ossos. Ela é doutora pela Universidade Monash (Melbourne, 2013) e já recebeu prêmios do Australia Council, Arts Victoria and Vic Health.

    Em “Shadows from another place”, a artista de webarte Paula Lavine mapeia a primeira noite da invasão americana em Bagdá (2003) espelhando-a na cidade de São Francisco. Interessada em uma ampla variedade de mídias digitais seus projetos recentes de utilizam a web, mapeamento e coordenadas GPS. “The Wall – The World” usa o Google-Earth para mostrar o muro de 15 milhas na Cisjordânia, que pode ser projetado em qualquer cidade escolhida pelo usuário.

    Escritor, artista, publicitário e tecnólogo, James Bridle usa imagens do Google Earth para interagir com literatura, cultura e internet. Na obra “Dronestagram” o busca em sites da mídia, dos governos e na Wikipédia, as localidades que Drones (veículos aéreos não tripulados) utilizados por exércitos atingem.

    Pioneira na arte web, a russa Olia Lialina apresenta em “My boyfriend came back from war” o relato de dois amantes que se reúnem após um conflito militar. O espectador vai alinhavando mentalmente o enredo, achando, por fim, um sentido do texto.

    A investigação do artista colombiano Edwin Sánchez vem abordando a linha tênue da moral, a noção de direito e a complexidade da violência e do conflito armado em seu país. Os trabalhos tentam romper com as bases estabelecidas, mostrando quase sempre as provas dos seus delitos. Para ele interessa evidenciar os mecanismos perversos de uma sociedade e não apenas mostrar as soluções como na obra “Exercício de Anulação”. Ele já expôs na Costa Rica, Noruega e no México.

    O paulistano Laerte Ramos mostra uma catalogação de armas de fogo cuja forma e tamanho são tão fiéis quanto o título das obras. “Arma Branca” e “Temporada de Caça” são armas feitas de cerâmica de amplo sentido pictórico. O artista já ganhou diversos prêmios como o Don Alvar Nuñes Cabeza de Vaca e o Prêmio Mostra Trienal de Gravura Lelocleprints04 (Suíça).

    O cubano René Peña já participou de exposições individuais e coletivas na América e Europa. Sua fotografia assume os valores da bela forma (harmonia, equilíbrio, síntese e proporção), para registrar as contradições de uma realidade social conflituosa e apontar com ironia figuras da história da arte como é o caso de “Black Marat”.

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    Website: http://www.bienaldecuritiba.com.br

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