Real é a única moeda emergente a escapar de fortalecimento do dólar, em meio a apostas de alta nos juros americanos

O real brasileiro foi a única moeda entre as emergentes e de países exportadores de commodities a não ser impactada pelo movimento global de fortalecimento do dólar americano. Isso ocorreu em um dia em que as expectativas de alta de 25 pontos-base na taxa básica de juros americana em maio aumentaram, e em meio a uma correção dos ativos de risco, após piora das expectativas de inflação nos EUA e fala dura de dirigente do Federal Reserve (Fed, o BC americano).

Enquanto o índice DXY, que mede o comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes, como o euro e o iene, operou em alta firme, superando 101,500 pontos, o real não foi afetado. Isso mesmo depois de um “player” ter vendido com força no mercado futuro. Especialistas avaliam que ainda há espaço para mais uma rodada de apreciação do real.

Os sinais de arrefecimento da inflação revelados pelo índice de preços ao consumidor (CPI) e ao produtor (PPI) divulgados nesta semana e o diretor do Federal Reserve Christopher Waller, que afirmou que a política monetária precisará continuar apertada por tempo considerável, ajudaram a manter a cotação do real estável em relação ao dólar. As apostas de alta dos juros em 25 pontos-base em maio subiram de 70% para mais de 85%, mas as estimativas ainda são de redução dos juros ao longo do segundo semestre.

No cenário nacional, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que a proposta de novo arcabouço fiscal será enviada ao Congresso Nacional na próxima segunda-feira, dia 17. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que está em Pequim acompanhando o presidente Lula, disse que conversou com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), sobre seus prognósticos de como as medidas fiscais seriam recebidas no Congresso e ficou otimista. Para Haddad, se o governo for bem sucedido na política econômica, o real tende a se valorizar.

Para o diretor de investimentos da Nomad, Celso Pereira, a semana trouxe alívio da inflação aqui, com a desaceleração do IPCA de março, e nos Estados Unidos, o que acabou favorecendo o real. Ainda assim, existe incerteza em relação ao texto do novo arcabouço fiscal e ao seu andamento no Congresso, além da pressão do PT por um projeto mais generoso do lado dos investimentos, que pode impactar o câmbio. Pereira vê chances de um retorno do dólar para a casa de R$ 5,00.

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Redação
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