O terceiro maior player do mercado de cervejas do Brasil, a Petrópolis, entrou com pedido de recuperação judicial devido à queda nas vendas e juros elevados, o que pode mudar o panorama do mercado. De acordo com o Itaú BBA, essa situação favoreceu a Ambev e a Heineken, impulsionando os ganhos de market share das empresas nos últimos três anos. A notícia da recuperação judicial da Petrópolis teve um efeito positivo nas ações da Ambev, que subiram 4,74% na terça-feira e 0,75% na quarta-feira.
No entanto, a XP considera que a notícia é neutra para a Ambev, e que a alta nos papéis da empresa apenas corrigiu uma assimetria nas cotações causada pela crise na varejista Americanas, da qual a Ambev e a Petrópolis são sócias da 3G Capital. A Petrópolis tem uma participação de cerca de 13% no mercado brasileiro e, devido às margens comprimidas no setor cervejeiro, poderia perder market share para a Ambev no longo prazo.
O Itaú BBA avalia que, se a Petrópolis for adquirida por um player internacional, o momento poderia ser perfeito para a entrada no mercado local. A Heineken poderia tentar adquirir algumas plantas, enquanto a Coca-Cola poderia usar a Petrópolis para preencher a capacidade ociosa da distribuição existente. A XP pondera que um M&A pode ser menos interessante devido à sobreposição em relação a outros distribuidores.
O Itaú BBA mantém uma classificação de Market Perform para a Ambev, com um preço-alvo de R$18 para as ações e de US$3,3 para as ADRs. No entanto, é importante lembrar que ainda é muito cedo para ter uma visão otimista de longo prazo, tendo em vista que a situação da Petrópolis pode mudar com uma possível aquisição ou recuperação judicial bem-sucedida.