Sob liderança da China, países iniciam discussão sobre marco global para proteção da biodiversidade

Na próxima semana, a primeira parte da Convenção sobre Diversidade Biológica COP15 abre, virtualmente, o processo de negociação em direção a uma Estrutura Global de Biodiversidade Pós-2020. O último conjunto de metas globais de biodiversidade não foi atingido, enquanto a perda de biodiversidade está acelerando em todo mundo.

A Covid forçou o adiamento das principais negociações para 2022, para permitir uma cúpula presencial, mas esta Parte 1 é uma oportunidade para injetar algum impulso político às tratativas. Ela será conduzida desde Kunming, na China, de 11-15 de outubro.

Esta é a primeira vez que a China sediará uma cúpula ambiental, e todos os observadores querem saber se o país está à altura do desafio de usar seu peso diplomático para obter um resultado bem-sucedido. Ministros do Reino Unido, França, Egito, Costa Rica e China falarão no evento – e possivelmente haverá um anúncio do próprio Xi Jinping.

Reverter a perda de biodiversidade até 2030 e criar uma estrutura de governança sobre o tema exigirá metas ambiciosas de proteção da natureza e mecanismos de implementação. Isso inclui formas de financiamento para que os países de baixa renda tenham capacidade de cumprir suas metas.

“A mudança climática e a perda de biodiversidade andam de mãos dadas: não podemos resolver uma sem a outra, e ainda assim a perda de biodiversidade está apenas acelerando”, afirma Laurence Tubiana , CEO da Fundação Europeia do Clima e considerada arquiteta do Acordo de Paris. “Um resultado de sucesso na COP15 da CDB depende da liderança diplomática da China. Sem deter e reverter a perda da biodiversidade, todos os nossos esforços para conter a maré da mudança climática estão em perigo”.

“Alguns países-chave para essa questão – China, Índia, Indonésia e Brasil – não fazem parte das coalizões de alta ambição”, critica Georgina Chandler, Diretora Sênior de Políticas Internacionais do RSPB . “Sabemos que há várias questões políticas fundamentais que precisam ser abordadas antes da segunda parte – especificamente a troca entre mobilização de recursos, ambição nas metas e acesso e compartilhamento de benefícios. Temos muito trabalho a fazer para lançar as bases para um resultado bem sucedido, e isto será um desafio para o país anfitrião e para quaisquer campeões no processo”, avalia.

“A coisa básica que os Povos Indígenas estão dizendo é que a maior parte da biodiversidade que é conservada hoje no mundo está nos territórios dos Povos Indígenas”, afirma Victoria Tauli Corpuz, ex-Relatora Especial dos Povos Indígenas para a ONU. “Para alcançar a Estrutura Global de Biodiversidade Pós 2020, é crucial que os direitos dos povos indígenas sejam respeitados e protegidos, de modo que suas contribuições para alcançar essas metas sejam ainda mais valorizadas.”

Para Li Shuo, Oficial Sênior de Política Climática do Greenpeace China, a Declaração de Kunming é a única coisa concreta esperada do evento. “A qualidade deste documento será um teste para a diplomacia ambiental chinesa – assim como para o desejo político geral do resto do mundo – de construir um plano de proteção da biodiversidade pós-2020 bem sucedido e forte.”

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