Universalização do saneamento pode gerar mais de R$ 25 bi em benefícios na área da saúde

No período entre 2021 e 2040, o acesso pleno aos serviços de água, coleta e tratamento de esgoto resultariam em um ganho anual de R$ 1,25 bilhão

Foto: Jornal O Globo

A precariedade do saneamento aflige milhões de brasileiros que ainda encontram-se sem o básico para ter uma vida digna. São mais de 33 milhões de habitantes sem acesso à água potável e aproximadamente 93 milhões não são atendidos com coleta de esgoto. Não obstante, apenas 51,2% do volume de esgoto gerado é tratado, isto é, mais de 5,5 mil piscinas olímpicas de esgoto sem tratamento são despejadas na natureza diariamente. No sábado, 05 de agosto, é celebrado o Dia Nacional da Saúde, diante de um cenário no país, no qual, a falta dos serviços básicos vivida por esses milhões de brasileiros têm implicações imediatas na qualidade de vida da população, principalmente, na área da saúde, uma vez que resulta na propagação de doenças relacionadas à veiculação hídrica.

Segundo informações presentes no estudo do Instituto Trata Brasil, “Benefícios Econômicos e Sociais da Expansão do Saneamento Brasileiro”, divulgado no final de 2022, a economia total com a melhoria das condições de saúde da população brasileira, entre 2021 e 2040, poderia chegar a R$ 25,1 bilhões, o que resultaria em um ganho anual de R$ 1,25 bilhão. Outro benefício apontado no estudo, a partir da universalização do saneamento, seria o aumento da produtividade e da remuneração do trabalho. Estima-se que o país deve expandir a produtividade do trabalho de maneira expressiva nesses vinte anos, ou seja, o aumento de renda do trabalho esperado seria de R$ 438 bilhões, trazendo um ganho anual de quase R$ 22 bilhões.

Dados do DATASUS (ano base, 2021) presentes no Painel Saneamento Brasilapontam que ocorreram cerca de 130 mil internações por doenças associadas à falta de saneamento no país – entre essas hospitalizações, mais de 45 mil foram de crianças de 0 a 4 anos. Em relação às despesas, o Brasil gastou cerca de R$ 55 milhões devido às internações por essas enfermidades. A propagação dessas enfermidades surgem, principalmente, nas beiras de rios e córregos contaminados ou em ruas onde passa esgoto a céu aberto – em valas, sarjetas, córregos ou rios. Também podem ser ocasionadas pela poluição dos reservatórios de água e nos mananciais, cuja qualidade tem sido deteriorada ao longo dos anos.

Além de afetar a saúde da população, a ausência de água tratada e de coleta e tratamento de esgoto têm impacto direto sobre o mercado de trabalho e no desempenho dos estudantes no período escolar. O pleno exercício das atividades econômicas e estudantis dependem de boas condições ambientais.

Sendo assim, a falta de saneamento interfere na produtividade do trabalho, uma vez que os trabalhadores mais suscetíveis a doenças de veiculação hídrica têm a saúde mais precária e, consequentemente, um desempenho produtivo pior, o que acaba afetando a carreira profissional e o potencial de renda que eles podem atingir no mercado de trabalho. Para o estudante, as infecções recorrentes afastam crianças e jovens de suas atividades escolares, o que acaba prejudicando o desempenho educacional, com prejuízo para seu potencial futuro.

Como metas definidas pelo Marco Legal do Saneamento, o país precisará atender 99% da população com coleta de esgoto e 90% com coleta e tratamento de esgoto, até 2033. Para que o cidadão possa viver dignamente é essencial condições básicas de saneamento.

Artigo anteriorDesafios da Petrobras: entre lucros aparentes e intervenção estatal
Próximo artigoVice-presidente da República, ministro da Agricultura e Pecuária e governador de São Paulo participam do Congresso Brasileiro do Agronegócio
Avatar
Para falar conosco basta enviar um e-mail para redacaomeioambienterio@gmail.com ou através do nosso whatsapp 021 989 39 9273.