Técnicas de restauração de baixo custo ajudam produtores  a se adequar ao Código Florestal, mostra estudo 

A regeneração natural assistida é uma forma de recuperar a vegetação nativa com bom custo-benefício

A Regeneração Natural Assistida (RNA) – um meio termo entre a recuperação natural e o plantio ativo  de árvores – está chamando cada vez mais a atenção de cientistas e produtores por sua alta eficácia  e flexibilidade de aplicação em várias paisagens. Um novo estudo publicado nesta terça-feira (29)  mostra como essa técnica simples e de baixo custo pode ser crucial para recuperar florestas nos  diferentes biomas brasileiros, ajudar o produtor rural a se adequar ao Código Florestal e mitigar as  mudanças climáticas.  

O estudo, desenvolvido pelo WRI Brasil, em parceria com ICV, Imazon e a empresa Suzano, apresenta  casos de produtores rurais, empresas e organizações que utilizaram a estratégia, contribuindo com a  recuperação de milhares de hectares no Brasil e no mundo.  

“Analisamos o uso da terra, causas da degradação, perfil fundiário, fontes de financiamento e atores  envolvidos para identificar os fatores-chave para o sucesso da regeneração natural assistida em cada  caso particular”, explica Mariana Oliveira, coordenadora de projetos do WRI Brasil e uma das autoras  do estudo. “A pesquisa revela que arranjos institucionais robustos e que contam com envolvimento  de comunidades são uma condição importante para garantir a permanência da vegetação nativa em  áreas regeneradas”. 

O estudo  

O estudo “O papel da regeneração natural assistida para acelerar a restauração de florestas e  paisagens” levantou e sistematizou 24 experiências práticas de projetos, organizações e empresas que  adotaram a regeneração natural assistida como parte da sua abordagem, sendo 15 no Brasil,  distribuídas em oito estados (BA, ES, MT, PB, PA, PR, SC e SP). 

Além disso, o trabalho reúne e apresenta algumas das técnicas para promover a condução da  regeneração natural. São intervenções em geral de baixo custo, que têm como objetivo remover  barreiras para que a natureza cresça novamente. Entre as intervenções há, por exemplo, o manejo do  gado, para evitar o pisoteio da vegetação que está rebrotando; a instalação de cercas; o controle de  espécies invasoras e, assim como em qualquer jardim ou lavoura, também o controle das formigas e  insetos. 

Segundo Andréia Pinto, pesquisadora do Imazon e uma das autoras do estudo, já há na Amazônia uma  grande quantidade de áreas em regeneração. Aplicar técnicas de regeneração natural assistida pode  garantir que essas áreas se tornem florestas novamente. “Há na Amazônia 7,2 milhões de hectares de  áreas com vegetação em regeneração há mais de cinco anos. Conduzir essa regeneração com  intervenções para que a floresta permaneça e se desenvolva pode ser uma grande oportunidade para 

proteger a biodiversidade e gerar renda a partir do uso econômico de produtos florestais não madeireiros ou por meio de mercados de carbono”, diz. 

Oportunidades para pequenos produtores e grandes empresas 

O estudo aponta que a regeneração natural assistida é uma técnica de grande potencial para  produtores que precisam recuperar Áreas de Preservação Permanente (APPs) e Reserva Legal, para se  adequarem ao Código Florestal.  

“Para a agricultura familiar, é uma estratégia muito eficiente. Um dos entraves para recuperar o  passivo ambiental é o limite econômico. Por ser de baixo custo de implantação, a regeneração natural  assistida se torna uma técnica importante para o pequeno produtor se adequar ao Código Florestal e  acessar recursos e mercados”, diz Eduardo Darvin, coordenador do Programa de Negócios Sociais do  ICV, que atua com produtores rurais no norte do Mato Grosso. 

A técnica também se mostra uma oportunidade promissora para a restauração em escala, com a  participação de grandes atores do setor privado. A Suzano, referência global na fabricação de bioprodutos desenvolvidos a partir do cultivo de eucalipto, usou a condução da regeneração natural  para recuperar 7 mil hectares no Parque das Neblinas, em Bertioga-SP.  

“A participação do setor privado na recuperação do meio ambiente é crucial para aumentar a escala  do processo de restauração, auxiliar na conexão de remanescentes naturais, formar redes de  parceiros, envolver comunidades e apoiar uma economia mais sustentável”, diz Marcelo Gomes,  gerente de Sustentabilidade da Suzano. 

A Década da Restauração  

As Nações Unidas declararam a Década da Restauração de Ecossistemas até 2030, e o Brasil tem a  meta de restaurar 12 milhões de hectares de florestas no âmbito do compromisso do Acordo de Paris.  O estudo mostra que a regeneração natural assistida é uma técnica eficiente para acelerar e dar escala  à restauração, cumprindo os compromissos internacionais e reduzindo as emissões de gases que contribuem com o aquecimento global. 

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