Vendas externas de petróleo batem recorde no Brasil em março

As vendas externas de petróleo do Brasil bateram recorde em março, alcançando 9,4 milhões de toneladas, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), alta de 75,4% em relação ao mesmo período em 2022. Isso ocorreu logo após a introdução de um imposto de exportação de 9,2%, anunciado repentinamente pelo governo em 28 de fevereiro e que entrou em vigor em 1º de março, sem que as petroleiras tivessem margem de manobra para reposicionar embarques.

Apesar das preocupações, o diretor de pesquisa em exploração e produção da Wood Mackenzie, Marcelo de Assis, afirmou que já havia contratos de exportação em vigor e que o calendário de “lifting” já havia sido combinado com antecedência, o que significa que não havia como mudá-los. Esse calendário é ajustado quando os tanques das plataformas de petróleo em alto-mar se enchem e é feito em conjunto com as petroleiras, armadores e compradores.

O imposto sobre o petróleo exportado será aplicado durante quatro meses para compensar a decisão do governo de manter parcialmente uma desoneração de impostos sobre combustíveis.

As petroleiras, especialistas e partidos políticos questionaram a criação do tributo e recorreram ao Supremo Tribunal Federal (STF) para contestá-lo.

O Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), que representa as petroleiras no Brasil, afirmou que o resultado do aumento das exportações em março também foi influenciado pelo volume inferior de embarcações em fevereiro, quando o país exportou cerca de 2,5 milhões de toneladas, o volume mais baixo para o mês desde 2015.

Já no primeiro trimestre, as exportações de petróleo do Brasil subiram 15% em relação ao mesmo período de 2022, de acordo com dados parciais de março citados pelo IBP, que evitou explicar de forma mais detalhada os motivos para o avanço das exportações.

A Petrobras, maior produtora e refinadora de petróleo do país, não comentou o assunto.

Uma fonte da petroleira explicou que o volume de exportação acompanha o balanço de produção e demanda das refinarias no Brasil, que é o consumidor natural. “Se houver alguma refinaria em manutenção, ou a demanda de derivados for baixa, o consumo nacional de óleo cai, sobrando mais pra exportar. Se tiver aumento da produção de óleo, idem”, afirmou.

Em janeiro, a produção de petróleo do Brasil bateu recorde e registrou o segundo maior nível da história, enquanto a demanda nas refinarias brasileiras foi fraca, de acordo com dados oficiais.

Em suma, mesmo com a introdução do imposto de exportação sobre o petróleo pelo governo em março, as vendas externas da commodity atingiram um recorde no país, aumentando em 75,4% em relação ao mesmo período em 2022. O aumento aconteceu depois de meses de produção de petróleo nos maiores patamares já registrados,

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