74% das empresas têm ao menos uma ação de responsabilidade ambiental em andamento no Brasil, aponta pesquisa da Deloitte

Entre as principais ações em prática, 46% investem em educação e conscientização ambiental para os colaboradores; 39% aplicam o conceito de economia circular; e 30% têm políticas de contratação de fornecedores com boas práticas ambientais;

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Parte significativa do empresariado brasileiro tem avançado nas ações de responsabilidade ambiental dentro de suas organizações, com consciência dos impactos positivos que essa agenda provoca junto à sociedade e seus públicos de interesse, como clientes, profissionais, acionistas e investidores. De acordo com a nova edição da pesquisa ‘Agenda’, realizada anualmente pela Deloitte, organização com o portfólio de serviços profissionais mais diversificado do mundo, a maioria (74%) das empresas, apesar dos desafios, tem ao menos uma ação em andamento na agenda de responsabilidade ambiental. Entre as ações voltadas a engajamento e uso consciente de recursos, a mais adotada é investir em educação e conscientização ambiental para os colaboradores: 46% já o fazem, enquanto 29% pretendem iniciar em 2023. 

Outras ações de destaque nessa área são a adoção de conceitos de desperdício zero (40% já o fazem e 11% pretendem fazer em 2023), de economia circular (39%/18%) e de políticas de contratação de fornecedores com boas práticas de responsabilidade ambiental (30%/28%). Em termos de investimentos, as empresas têm direcionado recursos para pesquisa e desenvolvimento de insumos com menor impacto ambiental (21% já o fazem, 13% pretendem fazer em 2023) e para a proteção ou recuperação de áreas ambientais (18%/8%) e de parques ou patrimônios culturais (13%/9%). Já quanto as ações relacionadas à gestão do carbono, 11% já fazem sequestro de carbono e 10% pretendem fazer em 2023. 

O nível de conscientização das organizações em relação à agenda ambiental tem aumentado no Brasil. Parte significativa do empresariado tem ciência de que seus stakeholders estão atentos a esse tema. A pesquisa mostra que há muitas ações já em andamento e um fluxo interessante de investimentos já sendo conduzido ou planejado para 2023 e os próximos anos. Muitos dos entrevistados, inclusive, já buscam apoio em ecossistemas externos para acelerar a maturidade das métricas ESG em suas organizações”, destaca Anselmo Bonservizzi, sócio-líder de ESG da Deloitte. 

Impacto da agenda ambiental frente aos públicos-alvo das organizações

Quase metade dos entrevistados entende que as ações de responsabilidade ambiental e de redução de impactos ao meio ambiente adotadas por suas empresas são bem percebidas por seus stakeholders: Em relação à visão da sociedade como um todo, 48% dos respondentes afirmam que seus impactos no ambiente são percebidos como muito relevantes. Esse número fica num patamar parecido quando os respondentes opinam sobre os outros públicos de sei interesse: os próprios profissionais (49%), clientes (44%) e investidores/acionistas (48%). 

Quando analisadas somente as empresas que atuam nos setores extrativo-mineral e de prestação de serviços de energia, água e saneamento, 80% entendem que as ações ambientais que realizam são de grande importância aos olhos da sociedade. 

Outro dado que dimensiona oi amadurecimento da inclusão da pauta ambiental na estratégia das empresas está na forma como se estruturam para responder a essas demandas. A maior parte dos entrevistados (60%) afirmam já contar com uma equipe própria para atender às questões ambientais. Há também uma procura relevante por apoio externo: do total, 40% buscam apoio de consultorias especializadas; 38% têm suas ações apoiadas por associações ou entidades do setor; 27% por certificadoras ambientais; e 11% por startups, com destaque às cleantechs. 

Desafios para adoção e aceleração de ações de responsabilidade ambiental

Entre os principais desafios para que as empresas possam ampliar suas ações em frentes ambientais, estão as dificuldades de mensuração dos resultados para cálculo de viabilidade do investimento (46%) e de identificar ações adequadas a serem feitas executadas ou implementadas pela organização (38%). Na sequência, estão incluir o tema na agenda estratégica da empresa (33%); o baixo nível de incentivo do setor público (29%); o acesso ao financiamento de projetos (22%) e questões referentes a regulamentação (18%). 

Transição energética: em um terço das empresas, o tema já está em pauta

Quando questionados sobre o estágio de suas empresas em termos de transição energética, 23% dos entrevistados afirmam já terem iniciado processos e 11% estão avaliando a questão. Este escopo inclui a análise e a implementação de ações para uma possível substituição de fontes de energia não renováveis ou de uso intensivo de carbono e a necessidade conjunta de adaptação das empresas em seus processos produtivos. Outros 9% ainda não avaliaram o tema, por não verem necessidade no momento; 8% dizem que iniciarão os processos em até dois anos e 8%, entre 2026 e 2030. Já 2% afirmam ter avaliado a transição energética, mas entendido que não é viável fazer a transição energética no momento e 1% avaliará iniciar apenas após 2030. 

“A Agenda mensurada destaque às intenções e preocupações do empresariado brasileiro para cada ano. Em relação à pauta ambiental, é nítido que há uma movimentação mais sólida, especialmente frente a pressões crescentes. As organizações já priorizam essa temática, pois sabem que não poderão avançar no ambiente de negócios sem ter ações concretas e mensuráveis na agenda ESG”, destaca João Gumiero, sócio-líder de Market Development da Deloitte.  

Metodologia e amostra da pesquisa

A edição de 2023 da pesquisa “Agenda” contou com a participação de 501 empresas, cujas receitas líquidas totalizaram R$ 2,1 trilhões em 2022 — o que equivale a 21% do PIB brasileiro. A distribuição geográfica da amostra ocorre da seguinte forma (considerando a sede administrativa das empresas): 74% na Região Sudeste, 14% na Região Sul, 7% no Nordeste e 5% no Centro-Oeste e no Norte do País. Do total dos respondentes, 90% estão em nível executivo, ou seja, em cargos de conselho, presidência, diretoria e gerência. Adicionalmente, 36% das empresas participantes são de prestação de serviços, 16% de Manufaturas, 13% de Infraestrutura, 11% de TI e Telecomunicações, 10% de Serviços Financeiros, 7% de Agronegócio, 5% de Comércio e 2% Extrativas. Do total de empresas participantes, 94% são privadas e 41% exportam e importam. As respostas da pesquisa foram coletadas entre 2 de fevereiro de 2023 e 5 de março de 2023.

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Redação
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