Crédito: Giezi Anthony Gálvez, cortesia de Yolanda Chen

Desde a Segunda Guerra Mundial, a agricultura mundial tem dependido cada vez mais de sementes de alto rendimento produzidas em massa para alimentar uma população global em crescimento. No entanto, pesquisadores da Universidade de Vermont alertam que essas sementes modernas podem não ser adequadas para enfrentar os desafios das alterações climáticas que se avizinham. Em um estudo recente publicado na revista Plants, People, Planet, a professora Yolanda Chen e seus co-autores exploram como os pequenos agricultores, que mantêm e cultivam suas próprias variedades de sementes locais, podem ser a chave para garantir a segurança alimentar futura.

A agricultura moderna transformou radicalmente o sistema de sementes ao redor do mundo, privilegiando variedades de alto rendimento criadas para prosperar em condições ideais, frequentemente facilitadas por fertilizantes, irrigação e pesticidas. No entanto, conforme observa Chen, essas práticas resultaram em um sistema agrícola que não está preparado para lidar com a crescente variabilidade climática e os extremos que acompanham as mudanças climáticas.

Chen e sua equipe destacam a importância das chamadas raças locais de sementes, cultivadas por pequenos agricultores em diversos ecossistemas ao redor do globo. Essas variedades são adaptadas às condições específicas de solo, clima e pressões ambientais locais, oferecendo características como resistência à seca, tolerância à salinidade e capacidade de defesa contra pragas sem a necessidade de intervenções químicas constantes.

Enquanto as sementes do sistema formal são selecionadas principalmente com foco em alto rendimento, as sementes de raças locais, desenvolvidas ao longo de gerações por pequenos agricultores, são verdadeiras guardiãs da biodiversidade agrícola. Elas não apenas mantêm características genéticas valiosas, mas também preservam práticas agrícolas tradicionais que são essenciais para a sustentabilidade a longo prazo.

O estudo de Chen destaca um desafio crucial: como garantir que o conhecimento e a diversidade mantidos pelos pequenos agricultores sejam reconhecidos e valorizados em um contexto global que muitas vezes prioriza o desenvolvimento agrícola industrializado. A professora enfatiza que as soluções para a segurança alimentar futura devem incluir mecanismos para compartilhar os benefícios derivados da diversidade de sementes, garantindo que os pequenos agricultores sejam devidamente apoiados e incentivados a continuar cultivando e preservando suas variedades tradicionais.

Para isso, Chen e seus colegas estão desenvolvendo políticas que visam promover a colaboração entre cientistas, decisores políticos e agricultores locais. O objetivo é integrar o conhecimento tradicional dos agricultores na pesquisa agrícola moderna, facilitando a criação de novas variedades de culturas que sejam não apenas produtivas, mas também resilientes às mudanças ambientais.

“A agricultura sustentável não pode ser alcançada apenas com base em altos rendimentos”, afirma Chen. “Devemos evoluir nossos sistemas agrícolas para valorizar e incorporar a biodiversidade local. Este é o caminho para a verdadeira sustentabilidade.”

Chen e sua equipe esperam que suas descobertas incentivem uma mudança de paradigma na forma como a agricultura é vista e praticada globalmente. Ao reconhecer o papel vital dos pequenos agricultores e suas sementes locais, pode-se abrir caminho para sistemas alimentares mais robustos e adaptáveis, capazes de enfrentar os desafios futuros impostos pelas mudanças climáticas.

À medida que o mundo enfrenta um futuro de mudanças climáticas cada vez mais intensas, a importância de preservar e valorizar a diversidade das sementes agrícolas não pode ser subestimada. Os pequenos agricultores não apenas mantêm variedades adaptadas localmente, mas também sustentam práticas agrícolas que promovem a biodiversidade e a resiliência dos ecossistemas. Apoiar esses agricultores e integrar seus conhecimentos na pesquisa agrícola é essencial para garantir a segurança alimentar global no século XXI.

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