Como funciona a mente de um alcoólatra?

Como funciona a mente de um alcoólatra?

O alcoolismo é uma doença crônica que afeta milhões de pessoas no mundo todo. Quem sofre com esse problema tem dificuldade em controlar o consumo de bebidas alcoólicas, mesmo sabendo dos danos que elas causam para a saúde física, mental e social. Mas como funciona a mente de um alcoólatra? Por que ele não consegue parar de beber? Quais são os fatores que influenciam o desenvolvimento do vício? E como é possível se livrar dele? Neste artigo, vamos tentar responder essas perguntas e entender melhor esse transtorno que pode ser fatal se não tratado adequadamente.

O que é o alcoolismo?

O alcoolismo é definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o consumo excessivo e persistente de álcool, que interfere na vida pessoal, familiar, profissional e social do indivíduo. O alcoólatra apresenta uma dependência física e psicológica da substância, que se manifesta por meio de sintomas como:

  • Tolerância: necessidade de aumentar a quantidade ou a frequência de álcool para obter os mesmos efeitos;
  • Abstinência: surgimento de reações desagradáveis quando o consumo de álcool é reduzido ou interrompido, como tremores, ansiedade, irritabilidade, insônia, náuseas, convulsões e delírios;
  • Perda de controle: incapacidade de limitar ou moderar o consumo de álcool, mesmo tendo consciência dos problemas que ele causa;
  • Desejo intenso: vontade irresistível de beber, que se sobrepõe a outras prioridades ou interesses;
  • Negligência: redução ou abandono de atividades sociais, familiares, profissionais ou recreativas em função do consumo de álcool;
  • Persistência: continuação do consumo de álcool apesar das consequências negativas para a saúde física, mental ou social.

Como o álcool afeta o cérebro?

O álcool é uma droga depressora do sistema nervoso central, ou seja, ele diminui a atividade das células nervosas e altera o funcionamento dos neurotransmissores, que são as substâncias químicas responsáveis pela comunicação entre os neurônios. O álcool afeta principalmente os neurotransmissores chamados GABA (ácido gama-aminobutírico) e glutamato, que regulam a excitação e a inibição dos impulsos nervosos.

Quando uma pessoa ingere álcool, ele entra na corrente sanguínea e chega ao cérebro em poucos minutos. Lá, ele aumenta a liberação do GABA e diminui a liberação do glutamato. Isso faz com que o cérebro fique mais lento e menos alerta. Essa é a razão pela qual o álcool provoca efeitos como relaxamento, desinibição, sonolência e alteração da coordenação motora.

No entanto, com o uso contínuo e excessivo de álcool, o cérebro se adapta a essa situação e passa a produzir menos GABA e mais glutamato. Isso significa que o alcoólatra precisa beber cada vez mais para obter os mesmos efeitos. Além disso, quando ele para de beber, o cérebro fica hiperexcitado e desequilibrado, gerando os sintomas da abstinência.

O álcool também interfere na liberação de outros neurotransmissores importantes para o humor, a memória, o aprendizado e o prazer. Entre eles estão a dopamina, a serotonina e a endorfina. O álcool estimula a liberação dessas substâncias, causando uma sensação de bem-estar e euforia. Porém, com o tempo, o cérebro se torna menos sensível a elas, fazendo com que o alcoólatra precise de doses maiores para se sentir satisfeito. Além disso, quando ele não bebe, o cérebro fica carente dessas substâncias, provocando depressão, ansiedade e falta de motivação.

O álcool também danifica as estruturas cerebrais, especialmente o córtex pré-frontal, o hipocampo e o cerebelo. O córtex pré-frontal é a região responsável pelo raciocínio, pelo planejamento, pela tomada de decisões e pelo controle dos impulsos. O hipocampo é a região responsável pela formação e pela consolidação da memória. O cerebelo é a região responsável pelo equilíbrio e pela coordenação dos movimentos. O álcool prejudica o funcionamento dessas áreas, causando problemas como:

  • Dificuldade de concentração, de atenção e de julgamento;
  • Perda de memória recente e de longo prazo;
  • Dificuldade de aprendizado e de retenção de informações;
  • Impulsividade, agressividade e irritabilidade;
  • Descoordenação motora, fala arrastada e visão dupla.

Quais são os fatores que influenciam o alcoolismo?

O alcoolismo é uma doença multifatorial, ou seja, ele envolve vários fatores que podem predispor ou desencadear o consumo abusivo de álcool. Entre eles estão:

  • Fatores genéticos: existem evidências de que algumas pessoas têm uma maior vulnerabilidade genética para desenvolver o alcoolismo. Isso pode estar relacionado à produção ou à sensibilidade aos neurotransmissores, à metabolização do álcool ou à resposta aos efeitos da substância;
  • Fatores ambientais: existem fatores externos que podem influenciar o consumo de álcool, como a disponibilidade, a acessibilidade, o preço, a propaganda, a cultura, a religião, a família, os amigos, o trabalho e o estresse;
  • Fatores psicológicos: existem fatores internos que podem motivar o consumo de álcool, como a busca por prazer, por alívio, por fuga, por autoafirmação ou por pertencimento. Além disso, algumas pessoas podem ter transtornos mentais associados ao alcoolismo, como depressão, ansiedade, bipolaridade ou esquizofrenia.

Como é possível tratar o alcoolismo?

O alcoolismo é uma doença que tem cura, mas que exige um tratamento adequado e contínuo. O tratamento envolve três etapas principais: a desintoxicação, a reabilitação e a prevenção da recaída.

A desintoxicação é o processo de eliminação do álcool do organismo. Ela pode ser feita em um ambiente hospitalar ou em uma clínica especializada, sob supervisão médica. Nessa fase, o paciente pode receber medicamentos para aliviar os sintomas da abstinência e evitar complicações.

A reabilitação é o processo de recuperação física, mental e social do paciente. Ela pode ser feita em regime ambulatorial ou em uma clínica de recuperação em pindamonhangaba. Nessa fase, o paciente recebe apoio psicológico e terapêutico para entender as causas do seu vício, desenvolver habilidades para lidar com os gatilhos e os problemas da vida cotidiana e reconstruir sua autoestima e sua identidade.

A prevenção da recaída é o processo de manutenção da sobriedade e da qualidade de vida do paciente. Ela pode ser feita por meio do acompanhamento médico periódico, do suporte familiar e social e da participação em grupos de autoajuda ou em programas de reinserção social.

O tratamento do alcoolismo é um desafio que requer muita força de vontade, determinação e apoio do paciente e das pessoas que o cercam. Porém, é possível vencer essa doença e recuperar a saúde e a felicidade.

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Adriano Luz é fundador da Agência Digital Webtrends e responsável pela manutenção de portais de conteúdo como o Trendszone. Adora compartilhar conhecimento obtido ao longo de sua vivência nos últimos anos no mundo do Marketing e do Empreendedorismo.