Para João Beck, economista e sócio da BRA, é preciso que país se preocupe primeiro em não furar o teto de gastos, além de fazer reformas necessárias. Sem responsabilidade fiscal, desarranjo na economia deve continuar
Notícias positivas como a eficácia de vacinas contra o coronavírus e balanços consistentes de empresas divulgados recentemente que têm sinalizado uma retomada econômica do país têm atraído investidores estrangeiros ao país. Mas é preciso ter cuidado. Sem reformas e sem controle de gastos, dificilmente esses investimentos se manterão no longo prazo.
Um relatório da Instituição Fiscal Independente (IFI), publicado pelo E-Investidor, mostra que seria possível abrir espaço de R$ 40,4 bilhões no orçamento em 2021 e 2022, o que equivale a 0,5% do PIB, a partir de medidas de contenção de despesas com pessoal previstas no teto de gastos.
Para João Beck, economista e sócio da BRA, um dos maiores escritórios de renda variável da XP Investimentos, o país vive um momento em que o mais urgente é apagar fogo para depois pensar na Agenda Positiva, ou seja, favorecimentos e investimentos, principalmente, em logística, infraestrutura, etc.
“Quando falamos em não furar o teto de gastos e não aumentar a dívida PIB, isso não faz necessariamente o país crescer. Isso faz o fogo apagar para depois começar a falar de agenda positiva. Momento de epidemia é de apagar fogo. A agenda positiva não se concretiza sem esses pilares. Se temos irresponsabilidade fiscal e não darmos seguimento a reformas, teremos desarranjo na economia“, diz Beck.
Para Beck, o investidor estrangeiro irá investir à longo prazo no Brasil quando de fato o governo fizer a lição de casa e oferecer segurança nos gastos públicos, além de reformas.
“O estrangeiro escolhe investir no Brasil quando enxerga potencial grande na economia. Ele quer simplesmente que o governo mantenha metas de inflação, de gastos e de moeda relativamente estável. Se o governo fizer bem o dever de casa com reformas e gastos responsáveis, o estrangeiro irá investir”, comenta.