A perspectiva de que a Selic caia abaixo dos 10% até o fim do ano aumenta a busca dos investidores que tem aplicações em renda fixa, principalmente em produtos financeiros atrelados ao CDI, por alternativas que não sejam influenciadas pela taxa básica de juros. Uma solução para o investidor, neste caso, é migrar parte do capital para ativos alternativos, cujos rendimentos podem chegar até 30% ao ano dependendo da escolha feita.

Os ativos alternativos também são considerados investimentos de renda variável, com a diferença de que são descorrelacionados do mercado financeiro tradicional. Assim, a maioria dos acontecimentos no mundo econômico pouco afetam a performance dos produtos desse segmento, também chamados de ativos reais, ao contrário do que acontece com ações e outros ativos como ações e fundos negociados por bancos e corretoras.

Não é porque uma notícia ruim derrubou ações de empresas do ramo de construção civil listadas na Bolsa, que você cobrará menos do inquilino que alugou sua casa. A mesma fórmula funciona com ativos alternativos. Seus preços e rentabilidade não diminuem facilmente. Podem até não aumentar, mas dificilmente são prejudicados. Uma obra de arte, por exemplo, não perde valor. Se no mercado doméstico não houver quem pague o seu valor, certamente no exterior haverá. Royalties musicais dependem do número de execuções das canções transformadas em ativos e não de decisões políticas.

As opções de investimentos são muitas. Na Hurst Capital, maior ecossistema de investimentos alternativos da América Latina, chama a atenção a operação Trilhas Fantásticas, recém-lançada na plataforma e que envolve os royalties musicais do empresário Boni, consagrado por sua extensa carreira como diretor da TV-Globo. Com uma taxa de retorno estimada em 16,83% ao ano (cenário base) e prazo médio de 36 meses, o investimento irá financiar a Músicas do Brasil Ltda. por meio da aquisição de direitos creditórios correspondentes à recebíveis oriundos da exploração econômica futura do catálogo composto pela aclamada música tema de abertura do programa “Fantástico”, “Ibiza Dance”, interpretada pelo Roupa Nova e tema de abertura da telenovela “Explode Coração”, “Perigosas Peruas”, obra de coautoria com Nelson Motta e interpretada pelas Frenéticas e “Tieta”, interpretada por Luiz Caldas e conhecida pela telenovela homônima.

Instituições de atuação global como o J.P Morgan Asset Management aconselham a alocar em torno de 25% do capital em ativos alternativos. De acordo com o relatório Long-Term Capital Market Assumptions (LTCMA), publicado recentemente pela empresa estadunidense, a rentabilidade anual esperada para os próximos 10-15 anos para uma carteira composta por ações (renda variável) e títulos públicos (renda fixa) na proporção 60/40 em dólares é de 7%. Esse percentual, porém, pode ser melhorado. O simples acréscimo de uma alocação de 25% a ativos alternativos pode aumentar a rentabilidade de uma carteira 60/40 em 60 pontos base e melhorar o rácio de Sharpe em 12%.

Não há um estudo semelhante especificamente para o mercado brasileiro, mas os números obtidos pela própria Hurst Capital corroboram a conclusão do relatório. De acordo com a fintech brasileira, do início de 2019 até julho de 2023, o retorno anualizado dos ativos alternativos atingiu 21,14%, contra 6,42% do Ibovespa e 7,2% do IFIX (fundos imobiliários). Em igual intervalo, os investimentos livres de risco (CDI), renderam anualmente 7,18%. O cálculo do índice de alternativos envolve os retornos anualizados de mais de 350 operações (com TIRs realizadas e TIRs revisadas) feitas pela Hurst Capital no período.

“Os alternativos também apresentam vantagem em relação às outras opções do mercado quando a análise é voltada para o risco da operação. O índice Sharpe, que avalia o risco e o retorno de um determinado investimento, dos alternativos ficou em 1,12 no período analisado. Já o do Ibovespa é de – 0,10. Quanto menor o indicador, pior o investimento”, explica Arthur Farache, CEO da Hurst Capital.

O risco menor é um ponto importante lembrado pelo CEO da Hurst. Investidores menos experientes tendem a olhar apenas para o retorno, esquecendo-se de que o risco, se for muito alto, pode gerar perdas estratosféricas. Para evitar isso a estratégia de incluir ativos alternativos na diversificação da carteira tem também um viés de proteção. Em momentos de crise, os ativos reais na proporção adequada dentro de uma carteira, ajudam a minimizar as perdas ocasionadas pela diminuição de valor de ações, por exemplo.

Não é diferente no caso da redução da Selic. Investimentos em títulos do governo do tipo Selic+ vão começar a perder atratividade daqui para frente. O investidor não deve sacar tudo e migrar para a renda variável, mas pode alocar uma parte em ativos alternativos. Assim, o retorno menor ocasionado pela diminuição da taxa básica de juros será compensado pela boa performance da aplicação em ativo real”, aconselha Farache.

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