Um estudo recente publicado na revista científica Nature revelou uma nova abordagem para entender a formação da água na Terra. Segundo a pesquisa, as interações entre a atmosfera rica em hidrogênio molecular e os oceanos de magma teriam sido responsáveis pela origem da água em nosso planeta.
Anteriormente, a noção de como os planetas se formam era baseada na análise do nosso Sistema Solar. A Terra e os outros planetas rochosos seriam acúmulos de poeira e gás que orbitavam o jovem Sol. À medida que objetos cada vez maiores colidiam uns com os outros, os planetesimais ficavam maiores e mais quentes, com vastos oceanos de magma. Com o tempo, à medida que a Terra esfriava, o material mais denso afundou, deixando o planeta com três camadas distintas: o núcleo metálico, o manto e a crosta rochosa composta por silicato.
No entanto, com as frequentes descobertas de exoplanetas, os cientistas desenvolveram novos modelos para a formação e evolução da Terra. De acordo com Anat Shahar, pesquisador do Instituto Carnegie de Ciência, nos EUA, as descobertas de exoplanetas nos deram uma visão de como é comum que planetas recém-formados sejam cercados por atmosferas ricas em hidrogênio molecular durante seus primeiros milhões de anos de desenvolvimento. Esses aglomerados de hidrogênio se dissipam com o tempo, mas deixam impressões digitais na composição do jovem planeta.
Os cientistas usaram modelos computacionais que envolviam troca de materiais entre atmosferas de hidrogênio molecular e oceanos de magma. Foram analisados 25 compostos diferentes que podiam ser gerados em 18 tipos de reações – complexas o suficiente para produzir dados valiosos sobre a possível história do nosso planeta. As interações entre o magma da superfície e a atmosfera da “Terra bebê” simulada por computador resultaram na migração de grandes massas de hidrogênio para o núcleo metálico, gerando oxidação do manto e a consequente produção de grandes quantidades de água.
O estudo mostra que, mesmo que todo o material rochoso que colidiu para formar nosso planeta fosse completamente seco, as interações entre a atmosfera de hidrogênio molecular e o oceano de magma foram capazes de gerar água suficiente para preencher a superfície da Terra. No entanto, o estudo não descarta outras possíveis origens da água na Terra.
Em resumo, as descobertas desse estudo indicam que as interações entre a atmosfera rica em hidrogênio molecular e os oceanos de magma teriam sido cruciais para a formação da água na Terra. Isso representa uma nova abordagem para entender a formação do nosso planeta e pode ajudar a entender melhor a história da vida na Terra.