Jardim Maravilha: Quando o Abandono Público Transforma Sonhos em Pesadelos de Saneamento

Jardim Maravilha Foto: Redação
Jardim Maravilha Foto: Redação

Você se lembra de quando era criança e acreditava nas promessas que lhe eram feitas? “Daqui a pouco, filho, você ganhará um sorvete”, diziam. E aí, após horas de espera, aquele prometido sorvete nunca aparecia. Pois é. O Jardim Maravilha está esperando por seu “sorvete” há quase uma década, e ainda nada.

Vamos contextualizar um pouco, caro leitor. Eduardo Paes, quase 10 anos atrás, subiu ao palco da vida política com uma promessa ousada e, francamente, inspiradora. Ele disse que o foco dos principais investimentos seria a urbanização de Guaratiba. O coração pulou de esperança para os moradores do Jardim Maravilha. Mas você consegue sentir a batida dessa esperança agora? A realidade é mais um eco distante de desapontamento.

Agora, me responda algo: como você se sentiria se, no meio de uma metrópole, você fosse privado do direito ao saneamento básico? Parece algo tirado de um conto distópico, não é? Mas essa é a realidade de muitos brasileiros. O saneamento básico não é apenas uma comodidade; é um direito, intrinsecamente ligado à dignidade da pessoa. E não estou apenas falando filosoficamente. Está lá, preto no branco, na nossa Constituição. Ele ressoa com direitos fundamentais como vida, saúde, alimentação e um ambiente equilibrado.

Agora, deixe-me jogar alguns números que talvez façam seu estômago revirar. Segundo o Instituto Trata Brasil, 35 milhões de nossos irmãos e irmãs não desfrutam da bênção de água tratada. Isso já é ruim, né? Mas espere, tem mais: 100 milhões – quase metade da nossa nação – não têm acesso à coleta de esgoto. Pare e pense nisso por um segundo. É como se toda a população da Alemanha e da Áustria juntas estivessem vivendo sem esgoto tratado. E quanto estamos fazendo para mudar esse cenário? Apenas 45,1% dos esgotos no Brasil são tratados. (Fonte: Trata Brasil)

Seu bolso sente isso, sabia? Não estou apenas falando do odor pútrido que emana de lugares desprovidos de saneamento. Estou falando do dinheiro que você paga em impostos. Imagine: cada real investido em saneamento poderia poupar R$4 na área de saúde. Isso se traduz em menos internações, menos doenças e, é claro, menos gastos públicos.

Você deve estar se perguntando: “E se tivéssemos saneamento para todos?”. Bem, segundo as estatísticas, haveria uma queda de 74,6 mil internações por ano. Isso é quase como esvaziar um estádio de futebol lotado de pessoas doentes. E 56% dessa melhoria? Aconteceria no Nordeste, uma das regiões mais carentes do nosso país.

Voltando ao Jardim Maravilha, não é apenas uma questão de infraestrutura; é uma questão de responsabilidade. É uma questão de manter promessas. Eduardo Paes, onde está o compromisso com Guaratiba? Onde está a ação por trás das palavras?

No final das contas, o Jardim Maravilha e inúmeras outras comunidades em todo o Brasil esperam mais do que palavras. Esperam ações. E enquanto essas ações não vêm, tudo o que temos é um sonho transformado em pesadelo, uma promessa que se assemelha a um sorvete derretido sob o sol escaldante da indiferença política.

O poder público, meu caro leitor, tem a responsabilidade de transformar esse cenário. Não amanhã, não em uma década, mas agora. Porque, no final das contas, todos merecemos aquele sorvete prometido na infância. E o Jardim Maravilha? Merece seu nome de volta.

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