O WWF promove na COP 28, em Dubai, um painel sobre as novas fronteiras do petróleo e do gás e os riscos iminentes para o ambiente, o clima e investidores. O evento apresentará os principais riscos ambientais, climáticos, sociais e financeiros decorrentes da abertura de novos projetos de fronteiras de petróleo e gás, em áreas ecologicamente sensíveis como a região do Ártico, a Amazônia brasileira e a África.
 

A Instituição alerta que investir em novos projetos de petróleo e gás é muito arriscado, uma vez que deveríamos estar no meio de uma transição para as energias renováveis, e estes investimentos podem tornar-se ativos irrecuperáveis. Além disso, à medida que a indústria petrolífera procura novas áreas para exploração, há um risco acrescido para o ambiente, o clima, as comunidades locais e os investidores. Algumas destas novas áreas situam-se em zonas ecologicamente sensíveis ou de condições ambientais extremas ou instáveis, tais como correntes fortes e temperaturas negativas, o que aumenta significativamente os riscos das operações.
 

Alexandre Prado, líder em Mudanças Climáticas do WWF-Brasil, afirma que a crise climática já afeta a agricultura e a saúde das florestas brasileiras e que o investimento em combustíveis fósseis não se sustenta. “Estamos no limite de chegar a 1,5° C de aquecimento global e o grande desafio é eliminar os combustíveis fósseis, começando pelo fim dos subsídios bilionários que eles recebem. Somente em 2021, a indústria de petróleo e gás natural no Brasil foi agraciada com mais de US$ 23 bilhões em subsídios diversos. Isso causa distorções no mercado de energia, prejudicando as renováveis. Um novo poço de petróleo leva cerca de 15 anos para atingir uma produção significativa, ou seja, os poços abertos agora estarão produzindo apenas no final da próxima década, sendo que precisamos iniciar a redução do consumo ainda nesta década se quisermos manter o clima minimamente seguro. Não faz sentido ter novas fronteiras de exploração neste cenário.”
 

Em relatório divulgado às vésperas da COP 28, a Agência Internacional de Energia (IEA) alertou que o investimento em petróleo ainda é grande demais para o alcance de 1,5 ° C. As empresas estão investindo em petróleo e gás o dobro do que deveriam e contribuem muito pouco – apenas 1% – com o investimento em energia renovável em escala global. Ou seja, estão na contramão da transição energética, embora afirmem que vão liderar esse caminho de mudança. A COP 28 evidenciará se essas empresas vão escolher contribuir para piorar a crise climática ou se tornar parte da solução.
 

No Brasil, há a expectativa do IBAMA novamente se posicionar sobre a exploração de petróleo na Foz do Amazonas nos primeiros meses de 2024. Embora a sociedade civil tenha alertado sobre fragilidades nos relatórios e riscos socioambientais, a Petrobras insiste em obter licença, negada anteriormente.
 

Mas o interesse em fósseis vai além do setor empresarial. A ANP (Agência Nacional de Petróleo e Gás) busca leiloar 11 blocos da bacia potiguar localizados em áreas reconhecidamente ricas em biodiversidade como o Atol das Rocas e Fernando de Noronha. O processo ocorre sem análise ambiental e deve ser realizado após a COP 28, no dia 13 de dezembro. O leilão já é questionado na justiça e organizações socioambientais afirmam que a iniciativa é um contrassenso para um Governo que deseja ser líder em negociações climáticas.

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