Poluição dos rios da Mata Atlântica acende alerta para saúde pública

Levantamento aponta que apenas 6,8% apresentam água de boa qualidade e especialista afirma que situação é preocupante

Um levantamento da organização não governamental (ONG) SOS Mata Atlântica, divulgado na última semana, revelou que somente 6,8% dos rios da Mata Atlântica do país apresentam água de boa qualidade, enquanto mais de 20% dos pontos analisados apresentam qualidade de água ruim ou péssima, ou seja, sem condições para usos na agricultura, na indústria ou para abastecimento humano.
 

De acordo com Rafael Zarvos, especialista em gestão de resíduos sólidos, os dados do relatório são resultados de uma série de problemas, como a ausência de políticas públicas no tratamento dos resíduos sólidos; falta de saneamento satisfatório; ausência de fiscalização ambiental nas empresas; e falta de consciência por parte da população.

 
“O cenário é preocupante! Primeiro, porque muitas pessoas usam dessa água poluída no seu dia a dia, desde a irrigação de uma plantação a tomar banho ou cozinhar. Em segundo, porque o tempo de recuperação de um rio poluído pode ser muito grande. Como exemplo temos o rio Doce, que foi afetado pelo rompimento da barragem de Mariana. A expectativa de recuperação é de 30 anos. Já o rio Tietê em São Paulo, iniciou um programa em 1992 de tentativa de recuperação e até hoje está longe de estar apto para consumo”, afirma o especialista.
 

O próprio levantamento aponta para uma recuperação mais lenta do que a poluição. Os indicadores foram obtidos entre janeiro e dezembro de 2021. Foram realizadas 615 análises em 146 pontos de coleta de 90 rios e corpos d’água de 65 municípios em 16 estados do bioma Mata Atlântica. Segundo a SOS Mata Atlântica, houve pouca alteração em relação aos resultados do período anterior de monitoramento.
 

As análises comparativas dos anos de 2020 e 2021 consideram os indicadores aferidos em 116 pontos fixos de monitoramento. Em 2021, foram nove pontos com qualidade boa (em 2020 eram 12); 84 com qualidade regular (80 em 2020); 22 ruins (21 no ano anterior) e apenas uma péssima, enquanto em 2020 foram três.
 

Como sugestão para minimizar o problema, Rafael afirma que o Brasil poderia se inspirar na recente Lei Bipartidária de Infraestrutura Norte Americana, que mira, entre outras coisas, modernizar boa parte da infraestutura hídrica do país, fornecendo água com mais qualidade.
 

“Ela foi aprovada recentemente e serão disponibilizados mais de $ 55 bilhões para a sua modernização”, finaliza o especialista.

Com informações da Agência Brasil

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