Medicamentos especiais à base de cannabis estão sendo liberados no Brasil para o tratamento de doenças neurodegenerativas e psiquiátricas. Ao todo, são nove medicações derivadas da planta aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O canabidiol (CBD) e o tetraidrocanabinol (THC) são as principais substâncias da maconha utilizadas na composição de remédios. Em sua maioria, as medicações são destinadas a tratar problemas como mal de Parkinson, esclerose múltipla, ansiedade, epilepsia ou esquizofrenia.
A Anvisa esclarece que, devido à composição complexa desses extratos vegetais, é possível que eles contenham diversas substâncias que atuam de formas diferentes no corpo humano. Para controlar esses efeitos, a agência informa que o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS) fica responsável por monitorar os produtos.
O uso de produtos à base CBD
Conforme pesquisa realizada pela empresa de pesquisas norte-americana Gallup, um em cada sete adultos estadunidenses usava produtos à base de CBD até 2019, para cuidar de diversos problemas de saúde, como inflamações, dores, artrite, convulsões e ansiedade.
No Brasil, de acordo com a Anvisa, os medicamentos feitos a partir da cannabis devem ser encontrados em drogarias e em farmácias. Eles são vendidos somente com orientação médica e receita específica para psicofármacos.
Ainda sobre a prescrição, a agência afirma que o canabidiol pode ser receitado como um tratamento terapêutico, quando outras opções não estiverem disponíveis no mercado brasileiro. Detalhes sobre o uso devem ser informados pelo médico, que fica responsável por avaliar as especificidades de indicação em cada caso.
O tratamento de espasmos musculares relacionados à esclerose múltipla é a principal indicação para as medicações autorizadas pela Anvisa no Brasil. No entanto, outros produtos à base de canabidiol são vendidos em alguns países e usados como analgésicos para pacientes oncológicos terminais, por exemplo.
Outras propriedades e benefícios do canabidiol têm sido reveladas recentemente. É o caso de sua ação no tratamento de AVC, câncer, náuseas, diabetes, ação analgésica e imunossupressora e efeitos sobre distúrbios do sono, de ansiedade e do movimento.
O que são o canabidiol e o tetraidrocanabinol?
Diversos compostos químicos são encontrados na cannabis, chamados canabinóides. Eles interagem com receptores do cérebro e do corpo e geram diversos efeitos, dos quais muitos têm ganhado destaque devido às suas propriedades medicinais.
No geral, todos os canabinóides têm uma característica em comum: eles produzem efeitos nas percepções de dores e interagem com o sistema límbico, relacionado às ações psicomotoras, à memória, à cognição e à vista mesolímbica, ligada a sentimentos e à reações gratificantes.
O CBD e o THC fazem parte desses compostos que atuam no sistema nervoso central e apresentam potencial terapêutico. A maioria dos efeitos psicológicos da cannabis são produzidos pelo THC.
Ao se conectar aos receptores de canabinóides no cérebro e no sistema nervoso central, o THC produz efeitos que afetam áreas como prazer, memória, concentração, pensamento, coordenação, movimentos e as percepções sensorial e temporal do indivíduo.
Alguns efeitos colaterais podem ser relatados durante o uso de certas medicações, como tontura, desorientação, alterações do apetite, dissociação, amnésia, humor eufórico e distúrbios de equilíbrio e de atenção. Essas reações não costumam dizer respeito ao canabidiol (CBD), mas sim ao tetraidrocanabinol (THC).