O Perigo das Altas Temperaturas Internas Durante Ondas de Calor

Durante ondas de calor, como a que está afetando Filadélfia com dias seguidos de temperaturas acima de 32°C (90°F), a preocupação com os riscos das altas temperaturas externas é evidente. No entanto, as temperaturas internas também podem se tornar perigosamente elevadas, especialmente para pessoas sem acesso a ar condicionado, alertam especialistas da Universidade Drexel.

Leah Schinasi, professora assistente de saúde ambiental e ocupacional na Drexel, em um estudo recente publicado na revista Heliyon, destaca que muitas pessoas vulneráveis, incluindo idosos e crianças, passam a maior parte do tempo dentro de casa. “Na verdade, pode ficar mais quente dentro de casa do que fora, e esta é uma questão de justiça ambiental realmente importante”, afirmou Schinasi.

Vulnerabilidade dos Ambientes Internos ao Calor

O estudo de Schinasi e sua equipe mostra que durante períodos de calor extremo, as temperaturas internas podem alcançar níveis perigosos, especialmente em casas sem ar condicionado ou com sistemas inadequados. Isso afeta particularmente as populações de baixa renda, que muitas vezes não conseguem arcar com os custos de energia para resfriar suas casas.

O superaquecimento interno pode levar a sérios problemas de saúde, incluindo complicações cardíacas e respiratórias, maior risco de coágulos sanguíneos e problemas renais. De acordo com os pesquisadores, o calor extremo é a causa climática de maior número de mortes nos Estados Unidos, mais do que qualquer outro evento climático extremo.

Soluções e Medidas de Prevenção

Para lidar com o calor interno, Schinasi sugere medidas práticas que podem ser adotadas durante ondas de calor. Fechar cortinas para bloquear o calor radiante, manter-se hidratado, usar roupas leves e tomar banhos frios são algumas das estratégias recomendadas. Além disso, as pessoas devem procurar locais frescos fora de suas casas, como centros de refrigeração que são abertos pelas autoridades de saúde durante emergências de calor.

Verificar o bem-estar de vizinhos que vivem sozinhos e podem não ter ar condicionado adequado também é crucial. “Os idosos, em particular, podem não perceber o quanto está quente e, portanto, não tomar medidas para se proteger”, observa Schinasi.

Desafios das Ilhas de Calor Urbanas

As cidades enfrentam desafios específicos devido ao efeito de “ilha de calor”, onde áreas densamente construídas absorvem e retêm mais calor. Bairros em Filadélfia sem sombra de árvores e com construções antigas podem ser especialmente difíceis de resfriar. Casas geminadas de tijolos e telhados planos escuros aumentam o risco de temperaturas extremas internas.

Para mitigar esses efeitos, Schinasi sugere ações a longo prazo, como plantar árvores para proporcionar sombra, pintar pavimentos escuros com cores claras para refletir o calor e, crucialmente, fornecer ar condicionado gratuito ou subsidiado para os residentes de baixa renda.

Importância de Ações Proativas

Programas que oferecem ar condicionado gratuitamente, como o da Pensilvânia, ou ajudam a cobrir os custos de energia, como o de Nova Jersey, são exemplos de medidas que podem salvar vidas durante ondas de calor. “Precisamos pensar em maneiras de tornar os ambientes residenciais mais seguros”, reforça Schinasi. “As pessoas que carecem de recursos e apoio social serão as que mais sofrerão durante uma onda de calor”.

A análise de Schinasi evidencia que, para enfrentar de forma eficaz as ondas de calor, é crucial considerar não apenas as condições externas, mas também como proteger adequadamente as pessoas dentro de suas casas. O planejamento urbano e as políticas públicas precisam se adaptar para oferecer soluções que garantam a segurança de todos, independentemente de sua situação econômica ou localização.

Fonte: The Philadelphia Inquirer