União Europeia: Produção de carros a base de gasolina a diesel será proibida até 2035

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A União Europeia tem como meta alcançar a neutralidade climática até 2050, o que significa que as emissões de gases de efeito estufa produzidos pelos carros devem ser reduzidas ao máximo.

Para atingir suas metas de neutralidade climática, a UE está adotando medidas para reduzir essas emissões. Uma delas é a proibição da fabricação de carros movidos a combustíveis fósseis a partir de 2035. 

Essa medida foi proposta pela Comissão Europeia em julho de 2021 como parte do chamado “pacote de mobilidade sustentável” e foi aprovada pelos governos dos Estados-membros da UE e pelo Parlamento Europeu em 14 de fevereiro de 2023.

Entenda como funciona essa nova lei e quais as repercussões que ela pode ter na sustentabilidade, no mercado automobilístico e no cotidiano dos cidadãos.

Produção de carros à gasolina será proibida

A lei aprovada pelo Parlamento Europeu implica que os fabricantes de automóveis da UE terão que produzir apenas veículos elétricos ou outros tipos de veículos de emissão zero a partir de 2035. 

Isso significa que qualquer carro que ainda funcione com combustíveis fósseis, como uma retroescavadeira usada, não poderá ser vendido nos 27 países do bloco a partir dessa data.

O objetivo da lei é incentivar a adoção de veículos elétricos e outras tecnologias de veículos de emissão zero para reduzir a poluição do ar e as emissões de gases de efeito estufa.

A medida é um grande marco para a indústria automotiva da UE, que precisará se adaptar rapidamente para se manter competitiva no mercado global. 

As fabricantes terão que investir em novas tecnologias para produzir veículos elétricos mais eficientes e a preços acessíveis para o consumidor. 

Isso também criará oportunidades para empresas de tecnologia que fornecem soluções para a indústria de veículos elétricos, desde baterias até sistemas de carregamento.

Como a União Europeia tomou essa decisão?

Atualmente, na União Europeia, cerca de 25% da emissão de gases poluentes é proveniente do setor de transportes, e aproximadamente 15% vem dos carros.

Em uma busca cada vez mais ativa por meios de vida mais sustentáveis e colaborativos com o planeta, o uso de combustíveis fósseis não está alinhado com os princípios de produção limpa e redução da pegada de carbono dos países da UE.

Mas, para compreender de modo mais satisfatório a situação em que o bloco da União Europeia se encontra, é preciso entender o que são combustíveis fósseis e todo o rastro que ele deixa no planeta, que vai muito além da poluição atmosférica. 

O que são combustíveis fósseis?

Combustíveis fósseis são compostos formados a partir de restos de plantas e animais que morreram há milhões de anos. 

Esses combustíveis incluem petróleo, gás natural e carvão. Eles são extraídos do subsolo e refinados para produzir produtos como gasolina, diesel e gás de cozinha.

Os combustíveis fósseis começaram a ser utilizados em grande escala durante a Revolução Industrial, no século XVIII, quando as máquinas a vapor movidas a carvão se tornaram populares. 

Na indústria automobilística, os combustíveis fósseis são usados principalmente como fonte de energia para motores a combustão interna. Além disso, a gasolina e o diesel são os principais combustíveis utilizados em veículos como:

A disponibilidade é um dos principais fatores para o uso em larga escala dos combustíveis fósseis. O petróleo, por exemplo, é encontrado em todo o mundo e é relativamente fácil de extrair. 

Além disso, esses combustíveis são consideravelmente baratos em comparação com outras fontes de energia, o que os torna atraentes para a indústria.

Impacto dos carros movidos à gasolina

A exploração de combustíveis fósseis pode ter um impacto significativo no meio ambiente, como a contaminação da água e do solo e a degradação de ecossistemas.

Além disso, a queima desses combustíveis em motores a combustão interna gera emissões de gases poluentes, como monóxido de carbono, dióxido de carbono, óxidos de nitrogênio e partículas finas.

Esses gases afetam a qualidade do ar e a saúde humana, causando problemas respiratórios, como asma e bronquite, além de aumentar o risco de doenças cardiovasculares. 

Além disso, eles são uma das principais causas do aquecimento global e das mudanças climáticas, o que pode ter consequências graves para o planeta, sendo o derretimento de geleiras e a intensificação de eventos climáticos extremos alguns dos exemplos.

Para minimizar o impacto ambiental dos carros movidos a diesel e gasolina, os governos e as empresas têm implementado várias iniciativas, desde um programa controle de frota até incentivos como a lei aprovada na União Europeia. 

Impacto da lei no mercado

Apesar de benéfica para o planeta, a lei apresenta uma imposição drástica que implica em mudanças tanto para as indústrias quanto para os consumidores.

Montadoras como a Ford e a Volkswagen já anunciaram planos de ação para o cumprimento das metas definidas pelo governo, mas para fabricantes de menor porte, o processo pode apresentar alguma flexibilidade pela disponibilidade de recursos.

Além da reestruturação que as fábricas obrigatoriamente sofrerão, há mais um desafio a ser encarado: a competição direta com a China e Estados Unidos na produção de baterias eficientes para os carros elétricos.

Por outro lado, as novas tecnologias abrirão espaço para que outros negócios e profissões se estabilizem e fechem parcerias com a indústria automobilística, como uma empresa de fundição de ferro especializada em componentes elétricos.

Já os consumidores receberão incentivos governamentais para a compra de carros elétricos, uma vez que será necessário parar com a circulação dos motores a combustão, resultando na troca de milhares de veículos em toda a União Europeia.

Benefícios dos carros elétricos

Por mais que a lei mexa com um mercado gigantesco, os impactos positivos que essa mudança trará são de extrema importância. Confira alguns deles a seguir.

Incentivos fiscais

A transição para veículos elétricos é uma tendência em todo o mundo, impulsionada não apenas pela preocupação com o meio ambiente, mas também pelos incentivos fiscais que muitos governos oferecem.

Em vários países, os incentivos incluem isenção de impostos sobre vendas e sobre a propriedade, bem como créditos fiscais para os compradores que adquirirem esses veículos e subsídios para a sua fabricação. 

Com os incentivos, os governos têm como objetivo fomentar a adoção de veículos elétricos, tornando-os mais acessíveis aos consumidores, que já precisam se preocupar com diversos outros custos, como a auto escola, licenciamento, IPVA, manutenção, etc.

Alguns governos também estão oferecendo incentivos adicionais, como descontos em pedágios e estacionamentos gratuitos para os proprietários de veículos elétricos. 

Menor manutenção

Os carros elétricos são conhecidos por precisarem de menos manutenção em comparação aos carros movidos à combustão, e existem várias razões para isso.

De modo geral, os carros elétricos têm muito menos peças móveis do que os movidos à combustão, o que significa que há menos partes que podem se desgastar ou sofrer danos, principalmente dentro dos motores. 

Além disso, os projetos elétricos são muito mais simples, o que torna mais fácil para os técnicos diagnosticar e corrigir problemas que muitas vezes podem ser resolvidos com atualizações de software ou substituição de peças eletrônicas simples.

Os carros elétricos também têm sistemas de freio regenerativo, que usam a energia cinética do carro para recarregar a bateria. Assim, os freios duram mais do que os dos carros à combustão, que precisam ser substituídos com mais frequência.

Redução de ruído

Devido à sua tecnologia de propulsão, os carros elétricos produzem menos ruído do que os carros movidos à combustão, já que os carros à gasolina ou diesel dependem de uma explosão de combustível dentro do motor.

Além disso, o sistema de escape, responsável por filtrar os gases de escape e reduzir os níveis de poluição, é necessário nos carros à combustão e produz um ruído considerável.

Os fabricantes de carros elétricos também estão adotando medidas para tornar seus carros ainda mais silenciosos. Muitos carros elétricos possuem revestimentos acústicos especiais, que ajudam a isolar o ruído do motor elétrico. 

Dessa forma, um trabalhador de uma fábrica de filtro de carvão, que convive cotidianamente com o som do maquinário, pode aproveitar do silêncio pacifico no trânsito, ao invés de incluir esse fator de estresse ao seu dia.

Maior eficiência

Enquanto os motores à combustão desperdiçam uma grande quantidade de energia na forma de calor, os motores elétricos convertem quase toda a energia armazenada em sua bateria em movimento do carro.

Somado a isso, os carros elétricos contam com recursos de regeneração de energia, que permitem que parte da energia utilizada para mover o carro seja recuperada durante a frenagem. 

Isso significa que os carros elétricos podem viajar mais longe com menos energia do que os carros a gasolina ou diesel.

Repercussão da nova lei

Assim como outras medidas governamentais, a lei de proibição da fabricação de carros movidos a diesel e gasolina gerou opiniões adversas.

Apesar da maioria do bloco da União Europeia estar a favor da medida, a Alemanha, em particular, ainda argumenta a respeito da inflexibilidade da lei e dos impactos econômicos que ela pode trazer.

Segundo um anúncio da Ford, que já está caminhando em direção à nova linha de produção, cerca de 11% da força de trabalho da montadora será reduzida nos próximos três anos. 

As demissões em massa são o principal ponto do governo alemão, que fala a favor de aproximadamente 600 mil pessoas. 

Trabalhadores do setor automobilístico no país, que terão seus empregos colocados em risco, precisarão buscar alternativas em outros setores, como na área de coleta de resíduos químicos.

Esse texto foi originalmente desenvolvido pela equipe do blog Guia de Investimento, onde você pode encontrar centenas de conteúdos informativos sobre diversos segmentos.

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Formado em Jornalismo e Comunicação Social. Assessor digital pela equipe Guia de Investimento. Meu compromisso é entregar conteúdos de qualidade para diversos setores, entre os principais: Tecnologia, finanças e meio ambiente.