Parque Nacional da Tijuca recebe cutias em projeto de reintrodução da espécie na Mata Atlântica

A ação é liderada pelo REFAUNA, em parceria com a Fundação Parques e Jardins, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Universidade Estácio de Sá, Universidade Federal Fluminense, Fundação Oswaldo Cruz, BioParque do Rio e Instituto Conhecer para Conservar, e acontece no dia 27 de maio

A extensa área verde do Parque Nacional da Tijuca abriga uma das maiores florestas urbanas do mundo, mas sofre uma carência significativa de animais nativos. A fim de amenizar essa questão, o Refauna, iniciativa que busca restaurar a fauna e as interações ecológicas da Mata Atlântica, vai liberar, no próximo dia 27 de maio, às 10h, quatro cutias da espécie Dasyprocta leporina, entre elas, duas grávidas.

A ação acontece em parceria com a Fundação Parques e Jardins da Prefeitura do Rio de Janeiro, Laboratório de Ecologia e Conservação de Populações da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Universidade Estácio de Sá, Laboratório de Bacteriologia Veterinária da Universidade Federal Fluminense, Fundação Oswaldo Cruz, BioParque do Rio e Instituto Conhecer para Conservar.

As cutias foram capturadas no Campo de Santana, um parque urbano localizado no centro do Rio de Janeiro e administrado pela Fundação Parques e Jardins, no último dia 6 de maio, todas em fase juvenil e adulta. Além da sua importância história para a política nacional, o parque que possui uma área de aproximadamente 13 hectares, abriga uma população grande de cutias, além de patos, gansos e pavões que seguem o estilo do paisagismo do local. “Os animais recebem uma dieta balanceada diariamente por parte dos funcionários da FPJ.

Além dos animais que residem no parque, o local abriga diversas espécies de vida livre representantes da fauna da Mata Atlântica que utilizam a área como refúgio para reprodução e alimentação”, relata a bióloga Laura Cordioli da Fundação Parques e Jardins. Durante estes 21 dias, as cutias passaram por quarentena no próprio Campo de Santana, sendo submetidas a diversos exames e cuidados que garantem uma chegada de animais saudáveis ao Parque Nacional da Tijuca. Segundo o veterinário Jeferson Pires, da Universidade Estácio de Sá, ” para se realizar a soltura de um animal em vida livre, ele precisa ser submetido a uma bateria completa de exames.

Estas cutias foram sedadas, e passaram por exames clínicos, ultrassonografia, coleta de urina, fezes e sangue, foram auscultadas, além de terem sido marcadas com números únicos, para auxiliar no monitoramento pós-soltura. Os materiais coletados foram enviados para laboratórios de referência em diversas doenças infecciosas para atestar a sanidade destes animais. Alguns animais ainda não estão aptos a ir para a Tijuca porque não estavam com quadro de saúde adequado e estão passando por tratamento.

Os quatro animais que estão clinicamente saudáveis e com laudo negativo para os patógenos testados serão encaminhados para a soltura. É fundamental que se realize esta etapa para evitar a translocação de patógenos juntamente com os animais liberados e para não inviabilizar a sua sobrevivência depois de liberados. Por isso, esse período de quarentena é essencial para um projeto de reintrodução”.

Após a liberação no Parque Nacional da Tijuca, as cutias serão monitoradas com auxílio de armadilhas fotográficas e, futuramente, poderão ganhar a companhia de outras espécies, como bugio, jabuti-tinga, arara-canindé e trinca-ferro. “Há alguns anos, percebemos que as cutias, apesar de terem se estabelecido no Setor Floresta, não se dispersaram por todo o setor onde foram liberadas. Este projeto foi idealizado conjuntamente com o Parque Nacional da Tijuca, Bioparque e Instituto Conhecer para Conservar e visa reforçar a população de cutias do Parque, dando início a um segundo núcleo populacional.

Assim, pretendemos que as cutias ampliem a área ocupada e aumentem seus efeitos no ecossistema. As cutias são importantes dispersores de sementes que estavam extintas da área até o começo da reintrodução há 12 anos. Na Tijuca, elas foram a primeira espécie a ser reintroduzida, depois vieram o bugio, o jabuti e em breve pretendemos reintroduzir a arara-canindé. Assim, vamos recolocando as peças que faltavam no quebra-cabeças da floresta”.

Com a chegada das quatro cutias esta semana, somam-se mais de 60 cutias que já foram liberadas pelo Refauna no parque ao longo dos últimos 12 anos, além dos bugios, jabutis e trincas-ferro.

A cutia é uma importante dispersora de sementes e tem o hábito de enterrar as sementes para estocar para consumir em um momento de menor disponibilidade de alimento no ambiente. Algumas das sementes acabam esquecidas e germinam, dando origem a novas árvores. Por este hábito, as cutias são consideradas jardineiras e contribuem para a manutenção e renovação da floresta.

Artigo anteriorMetas de redução das emissões de CO2 no mar já impulsionam a tecnologia na navegação
Próximo artigoEmpresa de refrigeração de vacinas e medicamentos investe em sustentabilidade
Redação
Para falar conosco basta enviar um e-mail para redacaomeioambienterio@gmail.com ou através do nosso whatsapp 021 989 39 9273.