Rua Canoanã no Jardim Maravilha Foto Jairo Bispo
Rua Canoanã no Jardim Maravilha Foto Jairo Bispo

Quando o tempo se estica por uma década e meia, uma comunidade está à beira do esquecimento ou no limbo do descaso? No coração do Jardim Maravilha, a Rua Canoanã estava esperando por uma renovação há 15 anos. Sim, você leu corretamente: 15 anos! Mas eis que, como um raio em céu claro, a Prefeitura do Rio de Janeiro finalmente decidiu lembrar-se de um pequeno trecho dessa rua, que já havia sido engolido pelas promessas vazias. É de se perguntar: qual o custo de esperar tanto tempo? E, mais importante ainda, o que essa demora diz sobre o compromisso da prefeitura com a comunidade?

As estradas são como veias que bombeiam vida para uma comunidade. Uma rua bem cuidada é como uma passarela para a qualidade de vida. No entanto, o trecho esquecido da Rua Canoanã, que margeia o CIEP do Jardim Maravilha, estava mais para um campo minado do que para uma passarela. Buracos, lama e poeira eram companheiros constantes dos moradores. E assim, ano após ano, a prefeitura parecia olhar para o outro lado, ignorando o pedido de ajuda que ecoava pelas ruas desgastadas.

Agora, o que dizer da Prefeitura do Rio? Seria ingenuidade pensar que a demora foi apenas uma coincidência cósmica. Afinal, 15 anos é tempo suficiente para dar a volta ao mundo várias vezes, ou para contar estrelas no céu noturno em inúmeras noites. Como não imaginar que algo mais estava em jogo? Quando o compromisso é mantido na gaveta por tanto tempo, é difícil não se perguntar se a prefeitura estava agindo de má fé. Se uma casa está em chamas, esperar 15 minutos já é um tormento. Então, como podemos aceitar que 15 anos tenham se passado enquanto uma rua crucial continuava em pedaços?

A analogia é simples: imagine sua casa com o telhado vazando. Você chama um profissional para consertar, e ele diz que vai demorar, mas que você pode confiar nele. Você espera, esperando pacientemente por um resultado. No entanto, os dias se transformam em semanas, e as semanas em meses, e o problema persiste. Você se sente como se o telhado fosse uma piada particular que apenas você não entendeu. Não é exatamente isso que os moradores do Jardim Maravilha sentiram durante esses longos e intermináveis 15 anos?

O que é mais desconcertante é que esse trecho da Rua Canoanã não é uma rua qualquer. Ele fica ao lado do CIEP do Jardim Maravilha, uma instituição de educação que, em teoria, deveria ser um local de esperança e aprendizado para crianças e jovens. No entanto, como é possível inspirar esperança em um ambiente onde a própria rua que o cerca é um exemplo de desconsideração e descuido? A mensagem que essa demora enviou é que a educação importa menos do que o palco de promessas políticas.

É uma situação que faz os olhos se arregalarem e a incredulidade se instalar. Como é possível que uma prefeitura deixe uma comunidade esperar por tanto tempo por algo tão básico? E o que mais nos escapa quando focamos nesse episódio? A falta de compromisso não é apenas uma sombra que passa; é uma escuridão que parece se arrastar por todas as áreas negligenciadas.

Nos corredores do poder, é fácil se perder nas engrenagens da burocracia e nas estratégias políticas. Mas não podemos esquecer que no centro de toda essa máquina está uma comunidade que merece respeito e atenção. Quinze anos não são apenas um número; são vidas, histórias e esperanças que se acumularam ao longo desse tempo. É tempo perdido que não pode ser recuperado.

A rua pode finalmente estar asfaltada, mas as cicatrizes da espera ainda permanecem. E a lição que fica é que uma comunidade não deve ser tratada como um mero detalhe nas agendas políticas. O Jardim Maravilha merece mais do que uma rua asfaltada; merece um compromisso real com o seu bem-estar. Merece respeito e dignidade, algo que não pode ser medido em anos de espera. Que essa demora não seja esquecida, mas sim lembrada como um chamado para a mudança, um grito por um compromisso verdadeiro e uma lembrança de que a negligência tem consequências reais.

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